A empreendedora na área de consultoria Ana Paula Lemes destacou a importância de estimular o desenvolvimento da jornada das mulheres no mundo corporativo, em palestra realizada na Casa de Inovação que marcou o último evento realizado pelo Instituto ECOA no ano. O seu principal projeto em andamento é o programa Women in Action Brasil, criado para impulsionar e incentivar o crescimento pessoal e profissional de mulheres em posições de liderança.
— É um projeto de formação de lideranças femininas para gente trazer tudo que eu aprendi antes, na prática, mais o que eu estudei agora e fazer com que essa jornada das mulheres seja mais leve, mais prazerosa e com mais embasamento de como a gente funciona.(...) Busca também discutir como conseguir aumentar a presença feminina, a representatividade, que a gente percebe que ainda é um tema bastante desafiador dentro do mundo corporativo.
A gestora tem como maior objetivo fortalecer a autoconfiança e promover a autovalorização de todas essas lideranças para que sempre haja uma conduta com excelência no relacionamento com os clientes. Segundo Lemes, mesmo com a expansão do uso da tecnologia, as pessoas são as grandes responsáveis pela realização dos negócios. O mundo digital surgiu como uma ferramenta benéfica para otimizar o tempo, mas, para a empreendedora, a curiosidade, colaboração e empatia dos indivíduos são insubstituíveis e precisam ser valorizadas. No ambiente empresarial, isso se torna ainda mais presente com a multiplicidade de culturas nas pessoas que compartilham o mesmo espaço.
— Gente no centro de tudo, quem faz negócio é gente. A tecnologia é fantástica, eu amo de paixão, acho que eu vou morrer fazendo novas tecnologias, mas antes de tudo pessoas.
Lemes contou que ficou 22 anos em uma mesma empresa, período que foi fundamental na construção de relacionamentos de longo prazo e na capacidade de lidar com grandes clientes e equipes. Segunda a consultora, essas habilidades de se engajar com diferentes pessoas são a chave para uma boa relação profissional.
— Os relacionamentos de longo prazo sempre foram muito importantes para mim. Vinte e dois anos com meu empregador, dez anos num cliente, dez anos no outro e nunca fazendo a mesma coisa, sempre fazendo coisas diferentes, mas aquilo me trazia uma conexão e talvez a palavra chave da nossa conversa hoje seja essa. (..) Se eu pudesse deixar para vocês uma palavra seria conexão - a habilidade de engajar, conectar pessoas, conectar ideias e nos conectarmos a nós mesmos.
Aprimorar a conexão humana é primordial para buscar o equilíbrio entre a identidade da instituição a qual você pertence com a identidade do cliente que você está servindo. De acordo com Lemes, há um esforço constante de tentar convergir a cultura da empresa com a individualidade de cada cliente, esse dilema cresce ainda mais quando há a responsabilidade de gerir equipes e como elas conduzem o tratamento com os consumidores.
Para conseguir lidar com relacionamentos profissionais com mais clareza e entendimento, a consultora relata que começou a fazer um trabalho de autoconhecimento que a ajudou não somente a ampliar sua consciência pessoal, mas também foi essencial no seu desenvolvimento na área corporativa. Nesse processo de se autoconhecer, Ana Paula Lemes descobriu a sua facilidade de conectar pessoas e passou a usar essa aptidão para unir os pontos fortes de cada parceiro de trabalho. Ao longo do tempo, isso a tornou uma especialista em desenvolvimento pessoal, com a busca constante de auxiliar seus clientes a garantir reconhecimento e valorização de mercado, protagonismo na carreira e harmonia entre trabalho e lazer.
No início de sua trajetória, Lemes menciona que possuía uma visão mais focada na técnica por atuar como programadora e analista, sem ter que pensar tanto no aspecto humano. Porém, a partir do momento em que ela assumiu posições de gestão, foi preciso desenvolver habilidades emocionais e coletivas que antes não eram necessárias.
— Eu sempre tive um perfil muito analítico, porque eu vim das exatas, vim da programação. Mas sair dali e ampliar a perspectiva, ampliar o horizonte, entender o que tá na agenda daquela pessoa, o que tá na agenda daquele cliente, o que tá na minha agenda pessoal nas minhas escolhas de carreira, e olhar para isso de maneira isenta, despersonalizada. O problema não é comigo, ele é um problema que eu preciso resolver.