Estão desqualificando a profissão para baratear o custo. Com este comentário, o diretor do Sindicato dos Jornalistas do município do Rio de Janeiro, Alberto Jacob, defendeu a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista durante debate realizado na PUC-Rio, nos dias 22 e 23 de junho, para alunos do curso de Comunicação Social. A discussão veio à tona após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 17 de junho, por 8 votos a 1, extinguiu a obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a profissão nos veículos de comunicação existentes no país.
O professor Leonel Aguiar, coordenador do curso de Jornalismo, destacou a importância da profissão e acentuou que uma pessoa despreparada não pode exercê-la. “O papel do jornalista é ser o mediador social de opiniões diferentes e interesses conflitantes”, disse. “O jornalista não é um mero relator de fatos, precisa ter uma capacidade crítica e entender o mundo da comunicação”.
Além de Jacob e Aguiar, também estiveram presentes os professores do Departamento de Comunicação Social Leise Taveira, Alexandre Carauta, Creso Soares Junior e Célio Campos, e o membro da comissão de ética do sindicato Jorge Freitas. Eles também abordaram os possíveis novos rumos do mercado de trabalho e da formação acadêmica, afirmaram que essa decisão não compete ao Supremo Tribunal Federal (STF) .
consequências do fim da obrigatoriedade do diploma
Formada em Jornalismo e Direito, Leise lembrou os aspectos jurídicos da decisão. “Os ministros do Supremo estão discutindo o que não é da alçada deles”, afirmou, ao comentar que o Supremo Tribunal Federal está legislando, papel que não cabe ao poder Judiciário. Como também lembrou Jacob, o presidente do STF não pode interferir na regulamentação de uma classe profissional.
Os jornalistas argumentaram, ainda, que a sociedade também sai prejudicada com o fim da obrigatoriedade. Freitas falou sobre os blogueiros, que assumem papel de jornalista: “Os blogs multiplicam informação, mas não têm investimento para apurar”. Leise acrescentou que a informação é um direito do cidadão e não do jornalista ou da empresa de jornalismo. Como exemplo, Jacob citou a cobertura de grandes eventos. “Imagina se todos os blogueiros resolvessem cobrir o carnaval. Não daria para credenciar mil pessoas em uma área que hoje comporta no máximo 200 jornalistas”.
Na contramão de quem pensa não ser necessário o uso do diploma para exercer a profissão, Soares contou o caso do fotógrafo Paulo Araujo, do jornal O Dia, que resolveu fazer o curso de Jornalismo apesar de já contabilizar 30 anos de experiência em redações. “Mesmo depois de tanto tempo, Paulo sentiu a necessidade de uma formação”, disse Soares. Segundo Jacob, a sociedade tem a consciência da importância do diploma. Para comprovar isso, ele citou algumas pesquisas, em sites sobre comunicação social, em que a maioria dos internautas optou pela obrigatoriedade. Para Jacob, isso é resultado do bom serviço que os jornalistas vêm fazendo. “Conseguimos, ao longo desse tempo, mostrar para a sociedade a importância do papel do jornalista”, concluiu.