Fetos recriados através de bonecos de resina
24/08/2009 18:11
Laís do Amaral / Foto: Weiler Filho

O brasileiro Jorge Roberto Lopes dos Santos, pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia e professor do Departamento de Artes e Design da PUC, desenvolveu um método que obtém modelos dos bebês dentro do útero, formando bonecos de tamanho real. A técnica criada por ele ainda não é comercializada, mas promete deixar as grávidas satisfeitas, além de contribuir para o avanço da medicina. Os médicos terão mais uma ferramenta para diagnosticar e tratar doenças cada vez mais cedo.

Com uma técnica inédita criada por Jorge Roberto Lopes dos Santos, pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia e professor do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio, as gestantes poderão em breve realizar um sonho: ter nas mãos os bebês que ainda estão dentro do útero. Isto será possível graças ao projeto, desenvolvido a partir da tese de doutorado de Lopes, defendida na Royal College of Art (RCA), em Londres, que transforma fetos em qualquer estágio da gestação em modelos de resina fotossensível em 3D. Uma combinação de exames, como ressonância magnética e ultrassonografia, formam a imagem dos protótipos que viram realidade através de softwares específicos e impressoras tridimensionais.

 

De acordo com Lopes, as vantagens da nova técnica, atualmente usada apenas para fins de pesquisa, são muitas, e vão desde a área de saúde, com a possibilidade de diagnosticar e prevenir doenças, até o fortalecimento dos laços entre os futuros pais com os bebês.

 

– Você consegue explicar aos pais uma situação que esteja ocorrendo, a presença de um tumor ou alguma situação mais branda. Podemos mostrar o que está acontecendo e o que vai acontecer com os filhos.

 

Ele diz que, com os modelos, uma espécie de boneco em tamanho real, fica mais fácil explicar aos pais a condição do feto e o que será necessário fazer para cada situação. Lopes destaca que os protótipos são úteis até para a equipe médica que estiver tratando do caso.

 

– No caso de uma eventual cirurgia, os modelos podem auxiliar a equipe cirúrgica, principalmente como modelo didático na medicina fetal. Ter um banco de modelos e poder orientar e explicar determinados tipos de má-formação.

 

Jorge Lopes, professor do Departamento
de Artes eDesign da PUC-Rio
Lopes cita dois médicos que, segundo ele, foram muito importantes para o avanço do projeto: o brasileiro Heron Werner, especialista em medicina fetal, e, na Inglaterra, Stuart Campbell, um dos primeiros a utilizar a ultrassonografia 3D. A parceria contribuiu para a realização do projeto, usado de maneiras diferentes em outros países. Segundo Lopes, em alguns lugares, como EUA e Dinamarca, já era possível imprimir o rosto dos bebês, por exemplo. Ele conta que o diferencial de seu trabalho foi fazer uma combinação de todos os métodos existentes e, pela primeira vez, imprimir o corpo todo do feto, em todas as fases da gravidez.

 

O caráter pioneiro foi alcançado depois de muitos estudos de caso e de um longo caminho, que começou no Museu Nacional. Através do INT, Lopes começou a fazer experimentos na área da paleontologia. Fósseis eram obtidos virtualmente por tomografia. O passo seguinte foi com a coleção egípcia de múmias. Mas nesses casos, outros pesquisadores já haviam alcançado resultados anteriormente.

 

Lopes considera que, embora seja difícil ser inovador no mundo todo, atualmente, o importante é o trabalho em conjunto. Para ele, “é muito legal poder levar o nome do Brasil e da pesquisa brasileira pra fora”. Agora, o desafio é conseguir veicular a prática de forma comercial.

 

 

Edição 219

 

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