Redig afirma, também, que o povo tem uma forte identificação com a bandeira, e que ela, apesar da diversidade do país, contribui para a identidade nacional. Segundo ele, é possível representar tanto a Amazônia quanto os Pampas com ela.
– É uma riqueza cultural que a gente tem e sabe que tem porque usa, mas não tem consciência disso. Usa intuitivamente, o que é legal. Acho muito bom ela ser assimilada do jeito que é. O que não é bom é que as pessoas não sabem da história. Usam porque a bandeira é boa mesmo.
De acordo com Redig, o entusiasmo que as pessoas têm atualmente pela bandeira começou por volta da década de 80, com a abertura política e a Constituinte. Ele cita também as vitórias nos esportes: principalmente as conquistas de Ayrton Senna, que sempre levava uma bandeira no bolso para exibi-la no pódio. Essa exposição na mídia teria contribuído para torná-la conhecida mundialmente.
– Nos anos 80, começou esse processo de disseminação, de absorção popular e também de reinterpretação, coisa que é difícil de acontecer com outras bandeiras, diz.
Um fato interessante que o professor conta no livro é que, quando foi instaurada a República, por não ter sido planejada uma bandeira, adotou-se, inicialmente, uma semelhante à dos Estados Unidos, que pertencia a um clube republicano. A diferença era que, em vez de vermelho e branco, as cores eram verde e amarela.
– Os positivistas, e provavelmente outros grupos, foram contra o fato de estarmos imitando a bandeira de outro país. Já que era uma referência a outra bandeira, que fosse da nossa história.
Assim, em 19 de novembro de 1889, foi adotada uma versão modificada da bandeira imperial. Nela, as cores e praticamente todas as formas geométricas já estavam presentes. A diferença, explica Redig, foi que tiraram o brasão e o substituíram pelo círculo – uma esfera armilar, instrumento de navegação e símbolo colonial – com a representação do céu do Brasil às 8h30m do dia 15 de novembro, momento da proclamação.
As cores também eram do período imperial: o verde representava a casa real de Dom Pedro I e a amarela, a da princesa Leopoldina. De acordo com Redig, algumas pessoas quiseram mudar a cor, mas Dom Pedro I disse que o verde representava as matas e o amarelo, o ouro do Brasil.
Um ponto polêmico é o lema positivista de Ordem e Progresso. Inicialmente, a Igreja teria sido contra, por se tratar de uma “seita atéia”, mas Redig explica que, como os positivistas tinham poder político, conseguiram incluir o lema. Porém, este é o parcial, já que a frase inteira é “amor por princípio, ordem por base e progresso por fim”. Há projetos de lei para adicionar Amor à bandeira, e ficar com o lema completo. “Não é um símbolo nacional. as pessoas admiram a bandeira, cantam o Hino Nacional, mas ninguém fica gritando ordem e progresso. Acho meio fora da realidade brasileira”, diz Redig.
Edição 222