Pesquisas unem Engenharia e Odontologia
04/11/2009 15:00
Giselle Leitão / Foto: Isabela Campos

Criação de materiais odontológicos pode mudar mercado brasileiro

O professor Roberto de Avillez, do DEMa

O que a odontologia tem a ver com engenharia de materiais? Muito. Segundo o diretor do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa), professor Roberto Ribeiro de Avillez, a odontologia é uma das áreas médicas que mais depende de materiais. Cabe à engenharia produzir enxertos, restaurações e outros tipos de materiais necessários para o trabalho dos dentistas. Na PUC-Rio esta parceria já funciona bem. O diretor do DEMa desenvolve dois projetos com outros profissionais, um deles de odonto, que podem mudar o mercado nacional em relação a materiais para implantes odontológicos.

Dois estudos estão sendo realizados entre essas áreas pelos professores Avillez e Guaracilei Vidigal Júnior, coordenador da pós-graduação em Implantologia da Unigranrio. Roberto Avillez orienta e Guaracilei co-orienta o estudo de mestrado de Luis Carlos Moraes e Silva Junior, no qual os três tentam desenvolver um filme PTFE (politetrafluoretileno), mais conhecido como teflon, para aplicações odontológicas. O outro estudo, com Alexandre Rocha Bueno, pretende criar uma hidroxiapatita, que é a parte inorgânica do osso.

A membrana de teflon é usada para proteger o local de onde um dente é retirado para que ali não cresça gengiva. A cavidade deve ser conservada para um futuro implante, que precisaria de um osso reestruturado e saudável em vez de gengiva. Já existem filmes PTFE, mas os importados são caros, cerca de R$ 400 por cm², e os nacionais não têm a mesma qualidade do concorrente, apesar de serem mais baratos. O que a equipe de Avillez, Guaracilei e Luis Carlos pretende é criar um material nacional com o mesmo padrão do importado. O estudo já tem um ano e meio e deve ser concluído até fevereiro de 2010.

O professor Guaracilei Vidigal
Junior, da Unigranrio
Já a criação de hidroxiapatita para enxertos ósseos, do professor Avillez, Guaracilei e Alexandre Bueno, está na fase inicial e tem três meses de pesquisa. O material, parte inorgânica do osso, é colocado na cavidade onde havia uma estrutura óssea verdadeira que precisou ser retirada. Após isso, o dentista fecha a área tratada e deixa o organismo fazer o resto do trabalho: visualizar o material sintético, identificá-lo como osso, não rejeitá-lo e substituí-lo gradativamente por osso verdadeiro. Se o material tivesse origem orgânica, as células iriam destruí-lo, pois o identificariam como um corpo estranho.

Esse tipo de material também está disponível no mercado, mas o grupo quer fazer uma hidroxiapatita porosa como o osso e através de um processo 100% sintético, para que a substituição do material inorgânico por orgânico se dê mais naturalmente e com mais facilidade. Depois de aperfeiçoado, o material vai passar por testes em animais para, depois, ser usado com humanos.

Além dessas duas pesquisas, a Engenharia de Materiais e a odontologia têm parcerias e trocam favores sempre que possível. Um considerável número de alunos de odontologia vem à PUC fazer mestrado ou doutorado na área de Engenharia de Materiais. Segundo o professor Avillez, essa integração enriquece o conhecimento das duas áreas:

- Ambas têm interesse no conhecimento uma da outra. Apoiar um aluno da outra universidade é interessante, porque isso abre espaço para continuar uma cooperação que vem dando certo.

Avillez já foi à Unigranrio para dar uma palestra e outros professores do Departamento foram a congressos de odontologia através da mesma universidade para falar sobre materiais. No dia 1 de outubro, Guaracilei Vidigal Junior veio à Universidade dar uma palestra sobre o uso de biomateriais na reconstrução tecidual para a disciplina Seminário de Mestrado. Segundo ele, o objetivo do encontro com alunos de engenharia é estimular a pesquisa de biomateriais. Para Avillez, esse contato pode significar algo mais:

- Os professores de odonto trazem visões, idéias novas, despertam o interesse dos alunos de engenharia para outras opções de trabalho e pesquisa.

 

Edição 223

 

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