Por conta dos 150 anos do nascimento de Hamsun, o Departamento de Letras promoveu seminário para relembrar a vida e obra do filósofo norueguês.

Não são apenas os 150 anos do nascimento do escritor Knut Hamsun, vencedor do prêmio Nobel de Literatura, o motivo principal para que seu nome esteja em evidência. Embora o seminário organizado pelo Departamento de Letras tenha tido esta temática, o professor Karl Erik Schollhammer, mediador da palestra de encerramento, disse que a atualidade e a polêmica presentes na obra do autor norueguês são razões suficientes para que ele seja lembrado:

 

          

- A obra de Hamsun é fascinante talvez por ser tão polêmica. Ela teve seu momento de ascensão entre o fim do século XIX e início do século passado, e depois entrou em declínio. Hoje está em evidência novamente, e não pode ser simplesmente pelo aniversário dele. Acredito que, a partir do que ele escreveu e viveu, temos motivos para admirá-lo ou até detestá-lo, mas não ignorá-lo.

           

Para o professor Helge Roenning, da Universidade de Oslo, na Noruega, é necessário compreender a vida do autor para entender as contradições de sua obra. Em sua palestra, Como ser um grande clássico e uma vergonha nacional ao mesmo tempo – o caso Knut Hamsun, o professor falou da trajetória do autor e como ela influenciou seus livros. O que fez sucesso foi Fome, escrito em 1890, sobre a época em que Hamsun passou necessidades nos Estados Unidos. Lá ele trabalhou como operador de bonde em Chicago, trabalhador de granja na Dakota do Norte e deu palestras em Minneapolis. O romance conta a história de um escritor sem-teto que passa fome e não consegue arranjar emprego.

           

- Hamsun era um autor que sabia se posicionar, sempre foi um outsider, excêntrico, e gostava de ser visto assim pelos outros. No entanto, participava da corrente individualista e isso ficava bem claro nas suas obras, que partiam sempre da sua observação pessoal, sem se deixar levar para o lado político.

           

Para Karl Erik, Hamsun consegue ser trágico sem, necessariamente, ser pessimista, e Fome é o melhor exemplo disso. Apesar de ter sido duramente criticado pelo flerte com o nazismo, o autor nunca se filiou oficialmente ao partido nem tratou do tema de forma explícita em sua obra. Karl Eric e Helge Roenning acreditam que, apesar de Hamsun ser vanguardista, as correntes políticas e ideológicas, muitas vezes, se confundem. “Existe uma linha muito tênue entre ser progressista e reacionário”, assinala Roenning.

           

O Seminário Comemorativo Knut Hamsun 150 Anos foi realizado pelo Departamento de Letras no dia 12 de novembro, no Salão do CTC, e teve o apoio do Consulado da Noruega. Além das palestras, houve exibição do filme Fome, (1966) do diretor Henning Carlsen, baseado na obra de Knut Hamsun.

 

 

Edição 224