Antonio, gerente bom de roda
12/04/2010 15:45
Valdir Figueira / Foto: arquivo pessoas

Antonio Oliveira, funcionário dos Recursos Humanos da PUC, mostra também suas habilidades no meio esportivo.

Antonio mostra as medalhas conquistas ao longo da carreira de ciclista

 

 

Durante uma partida de futebol, o gerente de orçamentos da Superintendência Administrativa da PUC, Antonio Ferreira de Oliveira, de 55 anos, rompeu os ligamentos do joelho esquerdo. Após um ano de tratamento intensivo, ele voltou a praticar o esporte e, dessa vez, o joelho direito não resistiu. Parado mais uma vez, ouviu de seu médico que pedalar fortaleceria a musculatura das pernas. Foi assim que, a partir de 2005, contando ainda com o incentivo dos atletas que costumava observar treinando na trilha de mountain bike no Parque da Cidade, na Gávea, que o ciclismo passou a ser o esporte adotado em definitivo por Antonio, que começou a participar de competições e iniciou seu repertório de títulos e boas colocações no pódio.

 

Há cinco anos, Antonio começou com o pé direito no mundo das competições. Após três anos de treinamento intensivo em estradas e trilhas, a segunda colocação na etapa de Ciclismo do Estadual teve sabor de título para ele. Seu desempenho chamou a atenção de Airton Porfilho, antigo professor do Departamento de Educação Física da PUC-Rio, que o convidou para competir com o patrocínio da Universidade, o que garantiria seu uniforme, além de inscrições e hospedagens bancadas. Até hoje, agora sob a coordenação do professor Renato Callado, essas necessidades são supridas. Sem dúvida, uma grande recompensa para quem passou boa parte da vida na Universidade, já que se formou em Administração pela própria PUC, onde trabalha há 32 anos.

 

Só em 2009, Antonio foi campeão de três competições: o Tour da Serra, na categoria Ciclismo Speed, a sua favorita, além do Estadual de Ciclismo Estrada e do Desafio Itaipava de Montanhas, ambas de mountain bike. Esta última, aliás, é tida por ele como a mais marcante das competições que venceu:

 

– Eram 50 quilômetros de competição, e todos falavam que o nível de dificuldade não deixava nada a dever aos dos campeonatos internacionais. Ainda por cima, eu não competi na minha categoria (Master), e sim na Elite. Mesmo assim, eu fechei a prova em 1h40m e consegui ganhar. Fui ovacionado, além de tudo, porque os meus concorrentes eram quase todos jovens, garotões – brinca.

 

O ciclista também tem seus ídolos. Lance Armstrong, atleta que venceu por sete vezes consecutivas a Volta da França, tradicional competição com mais de 3 mil quilômetros, tempos depois de derrotar um câncer nos testículos que se espalhou por cérebro e pulmões, é tido como um grande exemplo de vida e superação por Antonio. Além de Armstrong, Antonio também seus ídolos anônimos aos olhos do grande público:

 

– Caminhando pela praia com minha esposa, um senhor que estava pedalando e não tinha uma das pernas me chamou a atenção. Quando ele parou, fui conversar com ele. Foi assim que eu conheci Alarico Moura, que jamais deixou de fazer nada por causa da sua deficiência e nem da sua idade(62) – conta. Em 2003 e 2004, Antonio e Alarico pedalaram juntos 340 quilômetros até a cidade de Aparecida do Norte, em São Paulo.

 

Embora afirme não sentir saudades de jogar futebol, esporte que abandonou após lesionar os joelhos, Antonio ressalta que o ciclismo não é nenhuma moleza. O ciclista afirma que é necessário muita disciplina, tanto para organizar a rotina, como para regrar as refeições. Palavra de quem, diariamente, acorda entre 4h30m e 6h para treinar, ingere alimentos que contenham quantidade realmente necessária de proteínas e carboidratos. Por essas e outras, ele prefere que a família tenha uma vida regrada com atividades físicas, mas fora do ciclismo:

 

– O treinamento é faca no dente e sangue nos olhos. Fora os riscos de acidente. Eu mesmo, pedalando na Barra da Tijuca, na principal avenida do bairro, já passei por uma situação de perigo. Um carro deu uma fechada em mim e em um outro colega, e eu acabei caindo de cabeça. O médico falou que se eu não estivesse de capacete, não estaria vivo – lembra. Antonio não só ainda está vivo como, superando as dificuldades do esporte, encara o ciclismo muito além das pedaladas: como uma filosofia de vida.

 

 

Edição 227

 

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