Tem figurinha pra trocar aí?
02/06/2010 16:20
Valdir Figueira / Foto: Bruno Pereti

Pátios são tomados por colecionadores sedentos em completar álbum da Copa do Mundo

Em todos os dias, a cena é comum:
estudantes que nem sempre se conhecem
trocam figurinhas do álbum da Copa 2010
A PUC está tomada por uma nova mania. Lançado no dia 11 de abril, o álbum de figurinhas da Copa do Mundo de 2010 é um sucesso absoluto entre os alunos da universidade, que se reúnem diariamente para trocar cromos e conseguir as 640 figurinhas necessárias para completar a coleção. A “missão” mobiliza dezenas de estudantes, que não têm trabalho para encontrar quem troque as figurinhas: basta caminhar com o álbum em mãos pelos pilotis da Ala Kennedy e, principalmente, do Cardeal Leme, para logo escutar a pergunta: “Tem repetidas aí?”

 

O ritmo dos colecionadores é, na gíria dos estudantes, frenético. Heloísa Soares, proprietária da banca de jornais localizada no Leme, é testemunha. Recebeu as primeiras figurinhas no dia 12, às 8h30m, um dia após a Panini, editora do álbum, ter colocado os livros ilustrados à venda. O resultado, segundo a jornaleira, foi surpreendente: duas horas foram suficientes para o estoque esgotar:

 

– Às 10h30m, eu já não tinha mais envelopes de figurinhas para vender. Tive que telefonar para a distribuidora e solicitar novas remessas. O sucesso é impressionante, mas, em 2006, na última Copa, vendi até mais cromos no começo das vendas – afirma.

 

As novas mídias também têm sido de grande ajuda para a troca de figurinhas repetidas. Muitos colecionadores divulgam no Twitter, no Orkut e no Facebook os cromos repetidos e os que são necessários para que completem o álbum. Até encontros para promover a troca de figurinhas repetidas são promovidos através dos sites de relacionamentos:

 

- Devo ter gasto quase R$ 200 em figurinhas, mas fui a três encontros promovidos por uma comunidade do Orkut num shopping em Botafogo para trocar as repetidas, e consegui completar o álbum em três semanas – conta Felipe Augusto Melo, estudante do 7° período de Jornalismo.

 

Para Marcio Borges, diretor comercial e de marketing da Panini Brasil, responsável pelo fornecimento do álbum da Copa no país, tanto sucesso está relacionado à redescoberta de uma brincadeira antiga, que une gerações.

 

- Jovens e adultos transformam a brincadeira em um hobby para descontrair, fugir do estresse e ampliar o relacionamento com outras pessoas. Trocar figurinhas é divertido e econômico – afirma Borges. Ele frisando que, na última Copa, em 2006, o Brasil ficou em segundo lugar na venda de figurinhas, perdendo apenas para a Alemanha, país-sede da competição. Naquele ano, cerca de um bilhão de envelopes de cromos foram vendidos em todo o mundo e, este ano, há a possibilidade de alcançar um novo recorde.

 

No dia 11 de junho, a anfitriã África do Sul fará o primeiro jogo da Copa contra o México. Até lá, grande parte dos colecionadores já terão completado seus álbuns, mas há tempo para quem ainda não aderiu à febre. O álbum custa R$ 3,90, e cada envelope, contendo cinco figurinhas, R$ 0,75.

 

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Febre com mais de 50 anos

 

O hábito de colecionar figurinhas da Copa é antigo. Em 1950, foi lançado um precursor  – o álbum Balas Futebol – Craques do Campeonato Mundial de Futebol. As figurinhas vinham embrulhadas em embalagens de balas. Apesar de a publicação ter sido apenas após o término da Copa, a frustração pela perda do título do Brasil em pleno Maracanã para o Uruguai não impediu que muitos o colecionassem. Em 1970, as imagens passaram a ser coloridas no álbum México 70, álbum pioneiro em apresentar os jogadores de todas as seleções que disputaram a Copa vencida pela então tricampeã Seleção Brasileira.

 

O “comércio” das figurinhas tem seus critérios. Normalmente, figurinhas especiais, que trazem o brasão de cada Seleção, além da taça da Copa, são trocadas por pelo menos três cromos sem tanto apelo, isto é, que trazem jogadores menos conhecidos. Craques como Cristiano Ronaldo, da Seleção Portuguesa, Lionel Messi, da Argentina, e o brasileiro Kaká, nomes certos na Copa, também são figurinhas muito valorizadas pelos colecionadores, assim como outros grandes jogadores que sequer devem estar na África do Sul, como Ronaldinho Gaúcho e o inglês David Beckham. Nos anos 80, as figurinhas vinham em chicletes e, nos anos 90, a Editora Panini conseguiu um acordo com a Fifa para ter exclusividade sobre as figurinhas das seleções classificadas para as Copas.

 

 

Edição 229

 

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