É quinta-feira, 9 de setembro – curiosamente, a mesma data na qual, em 1956, Elvis Presley aparecia pela primeira vez em um programa de televisão norte-americano. Cinquenta e quatro anos depois, o rock ainda vive. Pelo menos nas casas do Diretório Central de Estudantes – que todas as quintas promove a Quinta Cultural, abrindo espaço para cerca de duas bandas – e no Cacos, o Centro Acadêmico de Comunicação Social. E o gostinho é brasileiro. Se tem Rolling Stones e Beatles, há também Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Baden Powell e até mesmo influências de Roberto Carlos.
– Roberto Carlos é muito rock, pô – argumenta o guitarrista e vocalista da banda Limusine Carioca, Rafael Caldas, estudante do curso de História da Cândido Mendes.
Enquanto a própria Limusine Carioca desfilava, no Cacos, covers de Jorge Benjor e Tim Maia, a banda Heliodorus levava ao DCE uma versão eletrizada de Berimbau, clássico da música brasileira composto por Vinícius de Moraes e Baden Powell. “Gostamos de dar a nossa a cara aos covers, sem que eles percam a identidade”, explica o guitarrista da Heliodorus, Vitor Cumplido, estudante de Psicologia da UFRJ.
Tudo isso, claro, misturado a músicas autorais, cuja divulgação é feita principalmente pela internet. É a fórmula seguida, também, pela banda Eu Nunca, que deu sequência à apresentação da Limusine Carioca. Os músicos, formados quase em maioria por estudante da PUC, retornam às raízes. Tocam um blues – um dos ingredientes do que passou a se conhecer como rock’n’roll – hora manso, hora agressivo. E também não deixam de lado as influências brasileiras, empolgando a plateia com um cover de Jorge Maravilha, de Chico Buarque. “Nós gravamos nossos ensaios e os disponibilizamos na internet. Agora, estamos prestes a gravar nosso primeiro EP (em inglês, extended play – um álbum com poucas músicas)”, comemora o guitarrista João Paulo Chaves, estudante do 4º período de Publicidade da PUC.
Enfim, um espaço
Ainda que novos conjuntos surjam todos os dias no chamado cenário underground, um espaço para tocar ainda é um oásis. Estudantes da Universidade que têm banda encontram nas casas da Vila dos Diretórios um refúgio. Para realizar o projeto Quinta Cultural, por exemplo, o DCE comprou bateria, caixas e mesa de som. As bandas só precisam levar instrumentos e cabos. E o melhor: ao contrário do que frequentemente acontece, não precisam pagar para tocar. O DCE já realiza, também, reuniões para definir quais serão as atrações do próximo Festival de Primavera. No ano passado, cinco bandas formadas por alunos da PUC tocaram em cada dia do evento.
Segundo Thaís Peva, integrante da coordenação de cultura, também há espaço para bandas de alunos de outras instituições, embora a preferência seja pela prata da casa. O mesmo acontece no Cacos, afirma Fernando Raposo, um dos integrantes do CA. “Nós representamos cerca de 2.300 alunos. E, a cada período, entram em torno de 260 novos calouros. É muita gente pedindo para tocar. Tentamos fazer o melhor possível para agradar a todos”, garante Fernando.
Edição 234