de São Paulo, Ana Lúcia Lopes, o diretor do museu,
Emanuel Araújo, Flávia e Madiagne Diallo
A universidade Cheikh Anta Diop é uma das mais renomadas da África, contando com o incrível número de 60 mil alunos, dos quais 12 mil (quase o total de alunos da PUC) são de pós-graduação. “O aluno da PUC tem um lugar privilegiado numa universidade como essa”, afirma Diallo, que tem nacionalidade senegalesa e é o exemplo do estudante que sai de seu país em busca de uma formação acadêmica no exterior – Diallo é formado em Matemática e Informática pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Segundo ele, a vinda de estudantes e pesquisadores africanos para universidades brasileiras é muito mais institucionalizada do que a ida de brasileiros a universidades africanas. Além de equilibrar esse quadro, um dos propósitos é valorizar o intercâmbio entre instituições de ensino superior fora dos destinos tradicionais. “Hoje os estudantes estão indo para a Europa, Ásia, América do Norte... Por que não América do Sul? Por que não África?”, questiona Diallo.
“O Senegal tem um lugar importante na articulação africana. Ele é berço do pan-africanismo e de um movimento contemporâneo preocupado com a reconstrução da áfrica”, comenta a professora Sonia Giacomini sobre a função do país de se colocar como mediador dos interesses de países africanos. Para Sonia, a riqueza do estudo comparativo pode contribuir para se pensar na realidade brasileira. “É uma África que conhecemos muito pouco, que é mulçumana e ao mesmo tempo promove a diversidade religiosa. Do ponto de vista dos costumes, foge um pouco do modelo mítico da África que assimilamos”, ressalta.
“Nós sabemos a história da África antiga, mas não sabemos sobre a África contemporânea”, aponta Flavia Pinto, coordenadora de campo da Pesquisa de Mapeamento das Casas de Religiões de Matriz Africana do Estado do Rio de Janeiro, realizada pelo Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afro-Descendente (Nirema). Para o professor Mauricio Parada, do Departamento de História, a cooperação será produtiva também para o próprio Nirema, que hoje coordena, com a Central de Cursos de Extensão (CCE), o curso História e Cultura Afro-Descendente, no Pólo Avançado da PUC-Rio em Caxias. “Haverá uma ampliação da área de história da África, não apenas para a Lei 10.639 (que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas), mas também para a discussão social no nosso país”, lembra.
Edição 234