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Um mal chamado pânico
19/10/2010 17:30
Rodrigo Cabral / Foto: Bruno Pereti

Transtorno do pânico será um dos temas de mesa-redonda

Segundo o psiquiatra Eduardo Costa Barros,

mídia ajuda a romper preconceitos

Décio Luiz dos Reis, 57 anos, publicitário, conversa tranquilamente. Em um deter­minado momento, entre uma frase e outra, dá três tossidas. Se isso acontecesse de madru­gada, sem ninguém por perto, ele diz que teria começado a suar nas mãos, ficar com a tes­ta fria e com o coração batendo aceleradamente. São sintomas do transtorno do pânico, que para Décio – assim como para a maioria dos pacientes – se somam a uma sensação de emi­nência de morte. De acordo com a Associação de Psiquiatria Americana, a doença atinge de um a quatro por cento da po­pulação mundial – com maior risco para pessoas com mais de 25 anos, sendo as mulheres de duas a três vezes mais afetadas do que os homens.

 

Este será um dos temas que estarão na pauta da mesa-redon­da no Dia Mundial da Saúde Mental, 21 de outubro, das 11h às 13h, na Sala 102-K – parte do ciclo de palestras realizado, des­de o fim do mês passado, pelo Centro de Ciências Biológicas e Medicina (CCBM).

 

Décio tem asma. Foi depois de três anos de tratamento – sem progresso – que começou a ter os primeiros sintomas do trans­torno. Não titubeou em procurar auxílio psiquiátrico. Conseguiu ter os sintomas controlados. Mas eles retornaram depois que, sem consultar o médico, abandonou os remédios, no ano passado. “Tem vezes que levan­to à noite e vou ao banheiro e lembro que foi da mesma forma que passei mal há uns 7 anos”, relata, referindo-se ao início de um ataque de pânico.

 

Ele diz conseguir manter uma vida normal. Morador de Armação de Búzios, na Região dos Lagos, afirma não ter medo de estrada. E nem de avião. Mas admite que, às ve­zes, deixa de fazer coisas por ter medo de passar mal e não ter ninguém para socorrê-lo. Esse medo é conhecido como agora­fobia, angústia psiquiátrica que acompanha 80% dos casos de transtorno do pânico. “A pes­soa pode sentir medo de ir ao Maracanã, por exemplo. Pois se for lá e passar mal, acha que ninguém vai ajudá-la”, ilustra o coordenador de especialização de psiquiatria da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio, Eduardo Costa Barros, um dos especialistas que farão parte da mesa-redonda.

 

O diagnóstico da doença – que alia medicamento à terapia – é consideravelmente novo. Ela começou a ser estudada com precisão científica apenas na década de 80, explica Edu­ardo da Costa Barros. Antes, ganhava outros nomes, com ca­racterísticas não bem definidas. No início do século passado, de quando datam os primeiros registros, foi designada como Síndrome de Da Costa, nome herdado do médico que obser­vou os sintomas da doença em combatentes que acabavam de sair de campo de batalha, na guerra civil americana. Ainda hoje, a doença é chamada, equi­vocadamente, de síndrome.

 

– Síndrome, na medicina, é quando há crises e sintomas. No transtorno, essas crises e sintomas limitam a vida social e pessoal do paciente – explica Barros.

 

Além da precisão médica, avançou também a consciên­cia da população. Segundo o psiquiatra, os preconceitos têm sido rompidos.

 

– Mesmo em casos graves, o tratamento faz com que a maio­ria das pessoas volte a ter ativi­dades regulares. A terapia ajuda que as dificuldades e o medo sejam superados. Por isso, é importante romper a barreira do preconceito.

 

 

Edição 235

 

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