Vovô do computador foi a sensação de 1960
11/11/2010 16:25
João Lima / Foto: Acervo Projeto Comunicar

Modelo Burroughs B-205 é considerado o primeiro computador produtivo do Brasil

O dia 13 de junho de 1960 é a data de nascimento do primeiro computador de grande porte em uma universidade na América Latina, o Burroughs Datatron B-205. Em 1957, o governo do Estado de São Paulo havia adquirido um modelo Univac-120, mas apenas para ser usado no cálculo de consumo de água da capital. No setor privado, a empresa Anderson Clayton havia instalado um Ramac 305 da IBM já em 1959, mas seu uso também era muito restrito. Por isso, o Burroughs B-205 é também considerado o primeiro a operar produtivamente no Brasil. A cerimônia de inauguração do Centro de Processamento de Dados (CPD) da PUC-Rio (que abrigou o computador, onde se encontrava a antiga capela e onde hoje está localizada a Empresa Júnior) contou com a presença do presidente Juscelino Kubitschek e do Cardeal de Milão Giovanni Battista Montini (futuro Papa Paulo VI).

 

Adquirido por meio de um consórcio formado pelo Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), o Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM) e o Itamaraty, o B-205, como é mais comumente chamado, tinha até um conselho administrador, composto por vários instituições, entre elas o próprio CNPq, o Conselho Nacional de Petróleo e o Ministério da Guerra. “Era uma máquina respeitável”, comenta o professor do Departamento de Informática Arndt Von Staa, que acompanhou de perto os desdobramentos da evolução trazida pelo computador. Não era para menos. O “monstro” ocupava uma sala inteira e pesava pouco mais de uma tonelada. Continha cerca de 3.500 válvulas que consumiam perto de 70 kVA de energia. Para manter o equipamento em uma temperatura conveniente, o CPD dispunha do único sistema de ar condicionado da PUC.

 

A quantidade de memória era de 4 mil palavras de 10 dígitos decimais, cerca de 16k. As operações eram muito rápidas. Uma adição, por exemplo, chegava a consumir apenas 0,1 milissegundos. Para imprimir, havia duas opções: uma máquina de escrever de martelinhos ou uma impressora IBM capaz de imprimir 60 linhas de 80 caracteres numéricos por minuto. O desempenho era observado nas várias lampadazinhas do painel de controle, que sinalizavam os resultados de cada instrução. “Qualquer palmtop moderno dá de mil a zero naquela máquina”, assinala Von Staa, para os que acharem todos esses números um tanto irrisórios. Àquela época, no entanto, o B-205, que custou cerca de US$ 1,5 milhão (hoje algo equivalente a US$ 10 milhões), parecia coisa de outro mundo.

 

 

Edição 236 - Especial 70 Anos

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