Vila dos Diretórios deixa sua marca
11/11/2010 16:30
Júlia Morani/Foto: Acervo Núcleo de Memória

Conjunto de casas que já foi moradia de operários hoje abriga centros acadêmicos e outros departamentos

A foto, tirada em 1964, mostra algumas casas da Vila dos Diretórios
Desde que a PUC veio para a Gávea, em 1955, muitas mudanças ocorreram no campus. No entanto, mesmo com as novas construções, um pequeno conjunto de casas permaneceu através do tempo, sendo conhecido a partir dos anos 1960 como Vila dos Diretórios. 

 

Não se sabe exatamente em que ano a vila foi construída, mas imagina-se que tenha sido na primeira ou na segunda década do século XX. Para os fundadores, a Universidade deveria ter um campus que expressasse a importância do ensino e da pesquisa, o que exigia bastante espaço. Isso     condicionou a escolha do bairro que, pela grande quantidade de fábricas, ainda apresentava áreas menos valorizadas.

 

Um dos lotes comprados era o terreno onde havia a Vila, chamada então de Avenida – termo que caracteriza um tipo de construção comum no final do século XIX, início do século XX, para moradia de operários ou funcionários mais graduados de uma fábrica. As Avenidas se diferenciavam das demais vilas por apresentarem construções um pouco melhores que aquelas normalmente construídas para moradia de operários.

 

O modelo é o mesmo de outras vilas operárias do Rio de Janeiro: pequenas casas padronizadas com uma casa mais imponente na entrada, que era ocupada pelo gerente da fábrica. Havia uma hierarquia na ocupação que possibilitava o controle dos subordinados pelo chefe, que podia ver o que acontecia não só na esfera profissional, mas também na vida pessoal dos empregados.

 

Quando a PUC veio para a Gávea, a Avenida foi ocupada por funcionários que trabalhavam na construção do campus e por alguns padres que pertenciam ao corpo docente e à Administração. Dos anos 1950 para os anos 1960, ela começou a abrigar institutos e órgãos da Universidade e os Diretórios Acadêmicos. O primeiro foi o Centro Acadêmico Eduardo Lustosa (Cael), de Direito, no início dos anos 1960. Assim, passou a ser conhecida como Vila dos Diretórios.

 

A partir dos anos 1970, os alunos começam a utilizar o espaço de forma mais informal, e não apenas nos Diretórios Acadêmicos. Várias atividades culturais eram realizadas espontaneamente pelos estudantes, como teatro, cineclubes, exposições de arte, música e poesia. Nos anos 1980, essas manifestações eram intensas.

 

– A Vila passou a ser um espaço dos alunos a partir dos anos 1960. Ela vai refletir no seu espaço e no nome pelo qual passa a ser conhecida as atitudes, os hábitos e as atividades culturais e artísticas dos alunos através das gerações – conta a coordenadora de pesquisa do Núcleo de Memória da PUC-Rio, Silvia Ilg Byington.

 

Hoje, o perfil da Vila é outro. As casinhas ganharam novos significados, sempre acompanhando as mudanças que afetam seus frequentadores.

 

– É interessante você ver como essas diferentes temporalidades marcam o espaço através de nomes, usos, referências e memórias diferenciadas para aquele mesmo conjunto de casas a cada nova geração, diz Silvia.

 

Edição 236 - Especial 70 Anos

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