No primeiro dia do festival, os shows foram voltados quase exclusivamente ao rock. Diante de um ginásio bastante cheio, Rogério Skylab fechou a noite com um show de cerca de duas horas, no qual o espírito do rock underground pairou pela cabeça de cada um que ouvia as letras do controverso poeta. Depois do espetáculo, o artista concedeu uma entrevista ao JORNAL DA PUC, na qual fez um julgamento de sua música e dos seus valores como um músico.
Como você definiria seu estilo?
Rogério Skylab – Algumas pessoas consideram minha música como de humor. Eu considero este humor meio enviesado. O Casseta e Planeta faz esse gênero. O objetivo deles é, essencialmente, fazer rir. Meu trabalho não é fazer rir. O humor acontece secundariamente. Minha música, também, não chega a ser uma contestação social. Eu tenho uma rixa com toda música engajada. Se tentarem me cooptar a algum movimento contra as barreiras, eu não concordarei. Não aceito o aprisionamento do meu trabalho a nenhum movimento social ou político. É uma música de contestação sim, mas não social. A questão da estética, em meu som, é mais ligada ao nonsense, mais existencial. É uma contestação ao pensamento lógico.
Qual sua origem como cantor?
RS – Eu venho do underground. Meu trabalho é de garagem e tenho uma ótima relação com o underground carioca. Eu até apareço no Jô Soares, mas esse não é o meu meio. Às vezes eu vejo uma banda nova começando e batalhando muito. Acho que ela deve penar mesmo. Assim se valoriza o trabalho. No começo, eu pagava para fazer shows. Penei demais até conseguir conquistar meu público. E isso é o mais importante na música e na estrada: conquistar um público fiel. É o mais gratificante.
O que você achou deste Festival da Primavera?
RS – Valorizar festivais, como o da primavera, é fundamental. Eles são um pilar de formações de novas bandas. Quando me chamaram, fiquei muito satisfeito. Fiz o possível para possibilitar a minha vinda à PUC, até diminuí o preço do cachê.
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