Relançamento de livro marca dez anos sem Renato Russo
17/11/2006 16:00
Evelyn Cunha / Foto: Carolina Jardim

Músicas como Que país é esse?, Geração coca-cola e Pais e Filhos permanecem nos ouvidos daqueles que ficaram com a sensação de que “ainda é cedo” com a morte precoce do cantor e compositor Renato Russo, há dez anos. Para aproximar essas pessoas daquele que deixou saudades, está de volta as livrarias Renato Russo – O trovador solitário, de autoria do professor da PUC-Rio Arthur Dapieve.

Dapieve analisa atitude do ídolo
Até bem pouco tempo atrás/ poderíamos mudar o mundo/ quem roubou nossa coragem? Este trecho da canção Quando o sol bater na janela do teu quarto retrata fielmente a atemporalidade da Legião Urbana. No dia 11 de outubro deste ano, completaram-se dez anos da morte de Renato Russo, que deixou, para os que aqui ficaram, a sensação de que "ainda é cedo". Está de volta às livrarias Renato Russo – O trovador solitário, do professor da PUC-Rio Arthur Dapieve, publicado pela editora Ediouro. A obra, original de 2000, está na oitava edição, e foi reeditada com novo formato e projeto gráfico, pequenas atualizações no texto, novas fotos e fac-símiles de documentos que não constavam na edição anterior.

Mais do que uma descrição da história do cantor e compositor Renato Russo, Arthur Dapieve enfatiza a imortalidade das canções, cujas letras atravessaram os tempos, renovando-se a todo momento, e até ser, assim, novamente absorvidas pela nova "geração coca-cola". Se antes as letras refletiam o dia-a-dia dos jovens, tendo como pano de fundo o processo de redemocratização e a abertura do país ao comércio exterior, agora expressam a revolta tanto com relação a escândalos de corrupção como à Guerra do Iraque.

– Em tese, Renato Russo era tudo de errado. Era roqueiro, era gay, era soropositivo. Várias coisas que a sociedade hipocritamente condena. No entanto, o comportamento ético dele é inabalável. É curioso saber que um cara que é supostamente um marginal da sociedade explique muito mais sobre ética para aquele que é considerado o correto do que vice-versa, esclarece Dapieve.

Baseado na obra, o espetáculo Renato Russo, a peça ocupa o palco do Centro Cultural dos Correios. No monólogo, o ator Bruce Gomlevski sobe no tablado com caracterização semelhante ao cantor e interpreta nos mínimos detalhes os momentos mais marcantes da vida e da carreira de Renato. Embora seja uma peça solo, Bruce não está sozinho. Além de ser acompanhado pela banda Arte Profana, que durante os 125 minutos de espetáculo toca vinte músicas do compositor, imagens de apoio em um telão atrás do ator descrevem seus pensamentos e contribuem para a composição visual do espectador.

Bruce acredita que o mais importante do monólogo é trazer a alma de Renato Russo para a cena. "Ele continua mais vivo do que nunca. Ganhei o livro do Dapieve da minha esposa há uns quatro anos, devorei em um dia, e percebi que a história daria uma peça", conta o ator. O espetáculo ficará em cartaz no Centro Cultural dos Correios até o dia 17 de dezembro e em 2007 deve voltar aos palcos cariocas.

 

Jornal da PUC edição 179