Natal: uma celebração solidária e planetária
21/12/2011 18:00
Pe. Josafá Carlos de Siqueira

O artigo do Reitor, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., nesta edição traz uma mensagem para toda a comunidade PUC-Rio sobre o verdadeiro significado do Natal. Padre Josafá afirma que é no coração de cada pessoa onde o sentido do Natal alcança maior profundidade e que podem ser substituídos os sofrimentos, aborrecimentos e incompreensões por esperança, alegria e paz.

O Natal é uma festa cristã com conotação planetária e local. É planetária porque, apesar de Jesus Cristo ter nascido geograficamente num pequeno lugarejo chamado Belém, o significado da epifania (manifestação do Senhor) do Filho de Deus tem uma dimensão universal, pois Jesus veio para a salvação de toda a humanidade. Sua presença foi sendo irradiada inicialmente aos povos vizinhos e, um pouco mais tarde, a outros povos mais distantes, pelo ardor missionário dos apóstolos e discípulos de Jesus. Hoje, o cristianismo está planetariamente presente em todos os povos e culturas, atingindo quase dois bilhões de pessoas. A força santificadora do Espírito Santo foi ao longo dos séculos rompendo as barreiras geográficas, políticas e culturais, confirmando assim a dimensão globalizante da mensagem cristã. Celebrar o Natal nessa perspectiva significa não só reconhecer a força vigorosa e santificadora dessa mensagem, mas também religar os laços de solidariedade daquilo que nos une com diferentes povos e culturas. O cristianismo procura afirmar a sua identidade nos valores e princípios éticos deixados por Jesus Cristo, num permanente diálogo inter-religioso com outras opções religiosas, numa atitude fraterna e solidária.

Por outro lado, o Natal é também uma celebração festiva no plano local, pois é no coração de cada pessoa que o significado do Natal alcança maior profundidade, iluminando a razão e consolidando em gestos de solidariedade, sobretudo com aqueles que, na pobreza, na privação e na carência material, se identificam mais com a simplicidade do presépio e a opção preferencial de Jesus durante a sua vida apostólica. Embora a dimensão planetária do Natal apareça de maneira mais visível nas celebrações e festejos nacionais e internacionais, não podemos negar que a sua eficácia é maior na singularidade de cada liberdade, pois é nesse sacrário interior, por ação da graça de Cristo, é que brotam os elementos constitutivos do Natal como a alegria, o espírito de família, a solidariedade, a fraternidade e o desejo em construir um mundo socialmente mais justo, mais humano e cheio de paz. O verdadeiro presépio a ser construído é o coração humano, onde os panos gastos pelos sofrimentos, aborrecimentos e incompreensões são substituídos por tecidos novos de esperança, alegria e paz. O calor das luzes artificiais é trocado pelo aquecimento da fé. A sofisticação das aparências dá lugar à profundidade do mistério da encarnação. Os ruídos culturais dão lugar ao silêncio que permite escutar os apelos de Deus. O excesso de racionalização é substituído pela sensibilidade da contemplação do presépio. As excessivas preocupações cotidianas dão lugar a uma maior confiança em Deus, que conhece em profundidade os nossos desejos e aspirações.

Natal é tempo de viver planetariamente e localmente os valores da encarnação do Verbo de Deus em nossa história, deixando de lado aquilo que nos divide e resgatando os valores essenciais que nos unem como filhos de Deus. Natal é tempo de mudar o coração, fazendo dele a manjedoura verdadeira onde Jesus possa renascer novamente.

Desejo a toda a comunidade educativa da PUC-Rio, aos amigos e colaboradores na missão, um Feliz e Abençoado Natal.

Pe. Josafá Carlos de Siqueira, SJ
Reitor da PUC-Rio

 

Edição 251

 

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