Cinemas brasileiro e cubano pelas mãos de Sérgio Muniz
05/12/2006 16:00
Rafaela Reinhoefer

Um dos primeiros diretores docentes da Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de Los Baños de Cuba (EICTV), o cineasta brasileiro Sérgio Muniz, esteve na PUC-Rio, nos dias 6 e 7 de novembro, para exibir curtas-metragens feitos por alguns de seus alunos. Muniz apresentou ainda o documentário Você Também Pode Dar um Presunto Legal (1971/1973), de sua autoria.

Sonata para Arcadio (1989), do uruguaio Fernando Timossi, relata o conflito vivido por Arcadio Valdés, homem que dividia seu tempo entre a profissão de halterofilista e a paixão por tocar piano. Los que se quedaram (1993), do espanhol Benito Zambrano, reúne depoimentos de uma mãe que jamais perdoou o filho por ter fugido do país logo após a Revolução Cubana. El bar del cuchillo (2002), da brasileira Manoela Zigiatti, faz um retrato dos freqüentadores de um bar em Havana que vende apenas rum e cigarros. Estes exercícios fílmicos foram apresentados na PUC, nos dias 6 e 7 de novembro, pelo cineasta brasileiro Sérgio Muniz, um dos primeiros diretores docentes da Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de Los Baños de Cuba (EICTV). Eles foram feitos por alunos. Muniz apresentou ainda o documentário Você também pode dar um presunto legal (1971/1973), de sua autoria. As exibições foram organizadas pelo Departamento de Comunicação Social.

Sérgio Muniz exibiu curtas de alunos da Escola de Cuba 

Você também pode dar um presunto legal aborda a atuação do Esquadrão da Morte e do delegado Sérgio Fleury, chefe do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) durante a ditadura militar no Brasil. Fleury era conhecido pelos métodos brutais que usava para obter confissões e costumava dizer aos presos: "Você vai dar um presunto legal." "Presunto" é o termo utilizado para designar cadáver. O filme reproduz trechos das peças de teatro O interrogatório, de Peter Weiss, e A resistível ascensão de Arturo Ui, de Bertolt Brecht.

"Este é um filme datado e, nessa perspectiva, deve-se fazer um esforço para assisti-lo em 2006", afirmou Muniz. Ele contou que não pôde exibir o documentário na época em que foi feito porque os atores corriam risco de vida. A película ficou esquecida durante cerca de três décadas. Há três anos, sua esposa, Anita Simis, organizou um seminário sobre filmes feitos durante o período militar. O longa-metragem foi então resgatado e exibido pela primeira vez.

 

Jornal da PUC - Edição 180