O valor da pesquisa de pequenas estruturas
17/09/2012 14:59
Guilherme de Oliveira / Foto: Pamella Vasconcellos

Novo Professor Titular é especialista em nanociência

O professor Enrique Anda explicou a importância e as aplicações da nanociência

 

Objetos de trabalho muito pequenos, que não podem ser vistos a olho nu, mas de grande importância no mundo atual. Ao estudo de sistemas em escala nanométrica se dedica o novo professor titular do Departamento de Física, Enrique Victoriano Anda. A posse ocorreu no dia 30 de agosto, em sessão solene do Conselho Universitário, no Auditório do IAG, quando o professor ministrou a palestra A nanociência: a conquista do pensamento.

 

A nanociência é um dos campos de conhecimento mais requisitados para avanços em pesquisas na área tecnológica. Manipula átomos individuais, ou seja, átomo por átomo, e moléculas para construção de dispositivos muito pequenos. Tem aplicação em várias áreas do conhecimento, com destaque para a computação e a eletrônica. Por exemplo, a nanociência é usada no desenvolvimento de circuitos eletrônicos, de processamento de dados e de lasers. Segundo o professor Enrique Anda, a nanotecnologia, ao lado de outras técnicas, assinala o início da terceira revolução industrial, época na qual vivemos, marcada pelos serviços de informação em meios eletrônicos.

 

– Pode ser pretensioso, mas acho que a física nanoscópica constitui uma das maiores conquistas da Ciência na última década – afirmou o novo professor titular, o quarto em atividade do Departamento de Física.    

 

A nanociência trabalha com o nanômetro, unidade de comprimento equivalente à bilionésima parte de um metro (10-9), cujo símbolo é nm. O termo nano provém da palavra grega nannós, que significa pequenez ao extremo. Para ter uma dimensão da escala nanométrica, a espessura de um fio de cabelo é da ordem de 1 milhão de nanômetros, o mesmo tamanho do diâmetro de um átomo.

 

– O pequeno é maravilhoso – resume Enrique Anda.

 

Na palestra destinada ao público leigo, o professor titular ressaltou o norte-americano Richard Feynman, prêmio Nobel de Física, que deu destaque à nanociência em 1959. Enrique Anda destacou a relevância financeira do mercado mundial de tecnologias que trabalham em escala nanométrica, que, em 2010, movimentou US$ 383 bilhões – 1,8% do PIB brasileiro ano passado. Mas ele afirmou que o Brasil está aquém de suas capacidades no setor e que precisa investir nessa área, liderada pelos EUA e China, as maiores economias do mundo. O Reitor, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J, também afirmou que o país tem de evoluir no estudo das ciências exatas.

 

– Descuidamos das ciências puras, pois muitos procuram resultados imediatos. É preciso despertar interesse nesses de campos de saber, que são profundos e necessários – disse o Reitor. Ele observou que o professor Enrique Anda tomou posse como professor titular, cargo mais alto da carreira docente nas universidades, sobretudo por estudos de objetos muito pequenos.

 

A nanociência é interdisciplinar por excelência e estabelece relações entre engenharia, física, química, biologia, eletrônica, computação e medicina. Enrique Anda brincou ao dizer que os físicos não se entendem entre si, mas precisam entrar em contato com os químicos nessa área do conhecimento. Durante a apresentação, ele disse que a escala nanométrica pode ser usada, por exemplo, no transporte de medicamentos para destruir células malignas. E destacou as qualidades da nanotecnologia: menor consumo de energia, transporte mais rápido de informação, flexibilidade e, claro, tamanho reduzido. Essas propriedades são ideais para a fabricação de telas de computador e de televisão.

 

– O desenvolvimento do computador quântico seria uma revolução impressionante na informática – disse o professor, em referência ao dispositivo que executa cálculos mais rapidamente com base na mecânica quântica, que estuda sistemas em escala de átomos.

 

Enrique Victoriano Anda, argentino naturalizado brasileiro, chegou à PUC em 1997, época em que a Universidade passava por dificuldades. É conhecido no Departamento de Física por provas difíceis e “legendárias”. Publicou 134 artigos em periódicos especializados e 36 trabalhos em eventos científicos. Doutor em física, em 1972, pela Universidade de Essex, da Inglaterra, o professor titular orientou seis dissertações de mestrado e 12 teses de doutorado. Participou como conferencista convidado em 49 conferências, entre nacionais e internacionais. Atualmente, Enrique Anda coordena a parte brasileira do projeto de pesquisa sobre sistemas nanoscópicos para o programa Colaboração Interamericana em Materiais CIAM-CNPQ, integrado por 17 pesquisadores internacionais, previsto para atuar durante uma década (2004-2014).

 

 

Edição 260

 

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