Christopher Clavius: Alemão (1538 – 1612). Entrou na Companhia de Jesus em 1555, ano anterior à morte de Santo Inácio. Matemático, foi professor do Colégio Romano por 45 anos, durante os quais ele teve o respeito e amizade de praticamente todos os matemáticos e astrônomos contemporâneos, nomeadamente, amigo de Galileu por muitos anos. Como professor de matemática ele exerceu uma grande influência nos estabelecimentos de ensino europeu, sua influência se extendendo, através de ex-aluno até a China. O historiador da ciência George Sarton diz que ele foi “o mais influente professor na Renascença”. O Papa Sixto V, que governou a Igreja por 20 anos, com grande influência na mesma, dizia que se a Companhia de Jesus não tivesse dado à Igreja ninguém além de Clavius, já mereceria louvores. O grande Leibniz (1646 – 1716) interessou-se pela matemática (na qual foi um gigante) a partir de texto de Clavius. Seu livro sobre os “Elementos de Euclides” tornou-se, por muitos anos, texto padrão na Europa, sendo por isso chamado o “Euclides do século XVI”. Ele era o matemático a quem outros matemáticos confiavam os mais importantes problemas contemporâneos. Clavius introduziu a notação decimal, os parênteses nas expressões algébricas, foi predecessor dos logaritmos e introduziu a escala Vernier. Foi Clavius que fez os cálculos para substituição do antigo calendário Juliano pelo Gregoriano (nome dado em homenagem ao Papa de então, Gregório XIII): ele descobriu que havia uma diferença de 664 segundos (mais de 10 minutos, portanto) entre o que deveria ser um ano – determinado pela translação da Terra em torno do Sol) e o que ficava estabelecido pelo calendário Juliano. Escreveu um livro de 800 páginas mostrando como era feito o cálculo a partir do qual se estabelecia o novo calendário. Sobre a formação dos jesuítas ele fez o seguinte comentário: “Muitos professores de filosofia têm feito um sem número de erros [no seu ensino] por causa da sua ignorância em matemática. Os estudantes jesuítas [de filosofia e teologia] deveriam ser reunidos uma vez por mês para ouvir sobre as demonstrações de Euclides”.
José de Acosta: Espanhol (1540 – 1600), foi chamado o “Plínio do Novo Mundo”, tendo escrito o livro “História Natural e Moral das Indias”, com a primeira descrição detalhada da geografia e da cultura na América Latina, a história dos Aztecas, seus usos e costumes, o uso da coca, as doenças provocadas pela altitude dos Andes, informações sobre ventos, marés, lagos, rios, animais e recursos minerais do Novo Mundo. Uma variedade das doenças provocadas pela altura é chamada “doença de Acosta”. Não se contentou com simples descrições, mas procurou as causas das coisas, característica de todo bom cientista, mas que não era tão comum assim naquela época. Ele deve ser considerado como um dos primeiros geofísicos na história, tendo sido um dos pioneiros na observação, registro e análise de terremotos, vulcões, marés, correntes marítimas, desvios magnéticos e fenômenos metereológicos. Ele fez a primeira descrição detalhada dos ideogramas mexicanos, aprendeu várias línguas indígenas, tendo escrito um Catecismo em três línguas.
Padre Pedro Magalhães Guimarães Ferreira, S.J.
Presidente da Mantenedora da PUC-Rio
Edição 261