Para Bruno Borges, professor de Política do Departamento de Ciências Sociais da PUC, os 26 capítulos também tratam dos tempos atuais.
– Não significa que, porque ele escreveu há 500 anos, esteja especificamente falando só para o seu tempo. É um clássico que fala a respeito da política e tem um determinado aspecto sobre sobrevivência. Acho que isso é fundamental e estabelece um diálogo que até hoje é importante pra nós.
Borges observa que Maquiavel foi uma pessoa extremamente inteligente e conseguiu, a partir da própria experiência, entender e fazer uma descrição muito interessante da época em que viveu.
– O fato de que as circunstâncias de nossas vidas têm que ser vistas, de modo geral, a partir de uma tentativa de se antecipar a elas, é uma lição de vida. É uma previsão a respeito dos momentos em que nós podemos enfrentar situações. Isso é uma das lições importantes nesse livro.
A obra também serve de ensinamento para leitores. Estudante do quarto período de História, Davi Campino afirma que o livro dá ideias práticas de como ser um governante e, com isso, ele gerencia seu tempo e dinheiro de acordo com as ideias lidas. Já Pedro Demenech, aluno de doutorado de História da PUC, diz aprender com o livro:
– Ele ainda continua sendo um livro que me ajuda a entender o funcionamento da política moderna.
Maquiavel é conhecido como fundador do pensamento e da política moderna, já que descreveu o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. Para Aluizio Alves Filho, professor do Departamento de Comunicação Social, Maquiavel é um dos grandes gênios de todos os tempos.
– A atualidade de Maquiavel é a atualidade de fazer política. Nos ajuda a pensar o que é e como fazer política.
Mesmo após 500 anos, o livro continua sendo considerado um clássico político.
– Os textos clássicos não morrem nunca, eles estão eternamente no presente. Nós sempre aprendemos com aquilo que é clássico. Isso não envelhece e tem um eterno presente – assegurou Aluizio.
Além de O Príncipe, Maquiavel deixou outras obras, como A arte da Guerra, o Discurso sobre a Primeira Década de Tito Lívio e Histórias Florentinas. E também a peça de teatro A Mandrágona.