A série, que foi exibida em agosto do ano passado, levou mais de dois meses para ficar pronta. Carvalho destacou que a vontade de apurar a matéria surgiu com a intenção de mostrar para o público a realidade que os magistrados brasileiros enfrentam e as rotineiras ameaças de morte que eles sofrem.
Para produzir a série, o repórter percorreu quatro estados brasileiros – São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. Os principais juízes entrevistados foram Odilon de Oliveira, em Campo Grande, o único do Brasil que é escoltado por policiais federais 24 horas por dia; Fabio Uchôa, substituto da juíza Patricia Acioli na Vara Criminal de São Gonçalo e Fabíola Moura, no interior de Pernambuco, que perdeu o direito da escolta e ainda se sente ameaçada. Fabíola tem a segurança feita informalmente pelo próprio marido. Além deles, novos juízes que acabaram de entrar no mercado deram depoimentos.
– A intenção deles ao falarem, e a nossa ao decidir fazer uma série sobre o assunto, foi justificável após um ano da morte da Patricia Acioli (juíza do fórum de São Gonçalo, assassinada na porta da residência, em Niterói, por dois policiais militares) – disse o repórter.
Carvalho conta que os juízes não se sentiram constrangidos e incomodados com a reportagem. Segundo ele, os magistrados se mostraram solícitos e aptos a falar, e deram detalhes sobre a rotina da profissão. Eles mostraram documentos nunca expostos antes por falta de espaço na mídia.
– Eles (os juízes) justificaram o cargo que possuem, tiraram um pouco da pompa que um juiz, federal ou não, tem no Brasil, de marajás, salários altos, que têm uma vida boa. É um ônus forte comprometer a privacidade da família e a vida - diz.
Edição 270