O pesquisador Valterian Braga Mendonca, especialista em História Militar Brasileira e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest), explica que a contribuição militar foi mais simbólica e não tão efetiva.
– A importância fundamental da participação residiu na ajuda comercial. Na venda de alimentos e minérios, tal como no transporte de bens. O apoio médico e diplomático serviu para angariar simpatias dos aliados e para mover opinião pública em favor deles. Os benefícios do apoio militar brasileiro foram pouco significantes – afirma.
Devido à influência cultural francesa no Rio de Janeiro, que era o centro do poder político e econômico na época, a opinião pública se mostrou majoritariamente favorável à causa aliada. A maioria das personalidades do país, entre políticos, jornalistas e literatos, apoiava a participação brasileira no conflito. Quando o Brasil declarou guerra à Alemanha, uma multidão acorreu ao Palácio Itamaraty, onde o Ministro das Relações Exteriores Nilo Peçanha discursava, para celebrar a decisão. Enquanto isso, estudantes desfilaram, com bandeiras dos aliados, pelas ruas da cidade.
O Brasil mandou oito navios para patrulhar a costa africana entre Dakar, no Senegal, as Ilhas de Cabo Verde e o Estreito de Gibraltar. Além disso, uma equipe de aviadores foi à Inglaterra para treinar e proteger o Canal da Mancha. Observadores militares avaliaram material bélico na França e nos Estados Unidos.
Em Paris, cem enfermeiras e médicos brasileiros equiparam e operaram um hospital com 500 leitos. No conjunto, Mendonca avalia contribuição do Brasil na Guerra como pequena, dada a fragilidade econômica e militar do país na época. Porém, alega que o governo brasileiro ajudou como pôde aos aliados.
Como o baixo desenvolvimento militar do Brasil se evidenciou na Guerra, a França e os Estados Unidos realizaram missões de instrução para o Exército e para a Marinha. A cooperação militar estreitou as relações brasileiras com a França. Apesar dos avanços nas relações internacionais, o Brasil se mostrou subserviente aos interesses comerciais norte-americanos, inclusive na política interna. Segundo Mendonca, o governo se submeteu às ambições das grandes potências.
– O interesse maior do Brasil era se projetar e conquistar uma posição de destaque no mundo, posicionando-se entre as grandes potências nas negociações dos Tratados de Paz. O país alcançou destaque internacional, então – explica.
O Brasil foi reconhecido como membro fundador da Liga das Nações, em junho de 1919, mesmo sem obter assento permanente, o que era o grande objetivo. A compensação econômica foi a aquisição de 42 navios alemães e o pagamento do café, vendido à Alemanha antes da Primeira Guerra Mundial.