– Cada vez há mais artistasque fazem mais e melhor nas ruas de todo o mundo. Escolhi
os melhores, com diferentes técnicas, e a maioria expõe pela primeira vez em terras de Vera Cruz – explica Leonor.
A mostra junta trabalhos das mais diversas técnicas e estilos, como estêncil, pôster, colagem e instalações. Alguns trabalhos foram feitos para mostrar a realidade socioeconômica do Brasil, como é o caso das obras dos artistas ±MaisMenos±, Rero, Jef Aerosol, Herbert Baglione, How-Nosm e StenLex.
A Street Art atrai um público diverso, que deseja encontrar algo diferente. Para a engenheira Manuela Macedo, 27 anos, a arte urbana tem um papel social.
– É interessante a ideia de trazer esses trabalhos para uma exposição, pois mostra que artes, como o grafite, não podem ser vistas como uma pichação ou alguma coisa depreciativa.
Leonor recebeu a proposta de fazer a exposição no fim do ano passado, e, além do Rio, onde fica até 5 de outubro, Street Art - Um Panorama Urbano será montada em Brasília e em São Paulo. A curadora afirma que a arte urbana faz parte do cenário contemporâneo.
– A arte urbana é uma das maiores referências na arte dos nossos dias. O grafite e as diversas técnicas aplicadas nas ruas seguiram um caminho inverso ao habitual, saíram das ruas para os museus e galerias, conquistando o seu espaço. Para mim,a arte urbana pode também ser descrita como arte popular, uma vez que é para todos. Acho que é este tipo de arte que as gerações futuras irão recordar nos próximos anos, tal como foi o Pop Art
nos anos 60 – explica.
O iluminador José Carlos do Bonfim, de 68 anos, acha que a arte urbana serve como um
incentivo público para a arte. Ele conta sobre uma visita que fez ao Amapá, onde o governador aplicou uma punição para quem pichasse alguma parte da cidade. O infrator teria que ser mandado para uma escola de grafite para depois corrigir o que tinha feito de errado.
– Os pichadores só poderiam sair de lá quando aprendessem o suficiente para repararem
os males que fizeram a cidade. Eles voltariam ao lugar em que picharam para fazer imagens, paisagens e outros desenhos.
Com o tempo, esses artistas que foram marginalizados conseguiram espaço para mostrar seu dom e foram oferecidas oportunidades de expor os trabalhos fora do país – comenta.