Unicom mantém miniposto de saúde em Senador Camará
02/04/2007 16:25
Evelyn Cunha / Fotos: Felipe Fittipaldi

Há dezenove anos em funcionamento, o miniposto de saúde de Senador Camará, um dos projetos do Unicom, fornece à comunidade local atendimento médico e dentário. Segundo o ginecologista Leandro Lima, 80% dos remédios são doados.

Tensa por não compreender como médicos de um hospital público não conseguiam diagnosticar a doença de sua filha de 3 anos, Suzana Maria Silva, 20, procurou o miniposto de saúde de Senador Camará, um dos trabalhos do Projeto Unicom (Universidade e Comunidade). Para surpresa e alívio da mãe, assim que a pediatra Andréia Trindade examinou a criança, começou a combater o vírus que estava provocando a febre, fornecendo-lhe o medicamento adequado. Desde então, Suzana freqüenta o ambulatório e admite o apego pelo local.

Há dezenove anos em funcionamento, o miniposto de saúde de Senador Camará oferece à comunidade local atendimento médico e dentário. Além de medicamentos gratuitos fornecidos mensalmente, através da parceria com o Comitê Furnas da Ação da Cidadania, Suzana contou que o ambulatório doa leite às mães que necessitam de ajuda.

Maria dos Prazeres Ferraz, atendente do ambulatório desde sua criação, disse que ama o que faz, e que não saberia viver longe dos pacientes. "Isso aqui foi, e é, minha vida", descreveu emocionada sua trajetória pelo centro médico. Segundo ela, o preço pago pelas consultas é simbólico, aproximadamente R$ 10, apenas para ajudar na manutenção do local. O professor Luiz César Monnerat Tardin, coordenador geral do Projeto Unicom, acrescentou que a cobrança é feita no sentido de fazer com que as pessoas valorizem o miniposto de saúde.

No mês de agosto do ano passado foi inaugurado o ambulatório ginecológico para suprir a deficiência de atendimento do bairro e para dar assistência a mulheres sem orientação sobre doenças sexualmente transmis-síveis e sobre anticoncepcionais.

– Havia reclamações insistentes da população, de que as mulheres não tinham onde procurar um ginecologista, não só de confiança, mas de competência. Muitas delas são vítimas de atrocidades por parte de outros médicos. Resolvemos, então, criar o ambulatório de ginecologia dentro do posto de saúde já existente, afirmou Tardin.

Segundo o ginecologista Leandro Lima, meninas "com idades precoces" aparecem no consultório com idéias já formadas sobre as pílulas. Exigem que o anticoncepcional não engorde, não provoque varizes e evite enjôos. Leandro afirmou que até existem estes remédios, mas são de alto custo, inviáveis para um ambulatório popular.

A falta de informação por parte de adolescentes é gritante. Como exemplo, o ginecologista descreveu o caso de uma dessas "meninas" que estava no estágio inicial de câncer, e que, ao saber da doença, ficou indiferente, como se desconhecesse a gravidade do problema. Tardin ressaltou que a função do ambulatório é integrar a comunidade, para assim conscientizar todos.

Um dos maiores problemas enfrentados pelo ginecologista é a falta de aparelhamento visual, como ultra-som e exame de mamografia. Tardin afirmou que um dos objetivos do projeto é inserir um centro de imagem. "Isso complementa a atividade clínica. E hoje as bases para um diagnóstico são as imagens", disse.

Os atendimentos do ambulatório de Senador Camará são separados por dia da semana. Às segundas-feiras, a partir das 12h30m, Andréia Trindade cuida das crianças. Andréia Lúcia, também pediatra, atende todas as quartas-feiras, a partir das 13h. Às quintas-feiras, na parte da manhã, é a vez do cardiologista e clínico geral Roberto Maiolino. Por fim, às sextas-feiras, às 8h30m, Adriana Braga dá tratamento dentário e, na parte da tarde, dá atendimento o ginecologista Leandro Lima.

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Edição 184