Palestra conta história de personagem famoso nas ruas do Rio
21/05/2015 18:41
Caio Sartori / Foto: Pedro Myguel Vieira

O desenhista e grafiteiro Tito esteve na Universidade para explicar a trajetória de Zé Ninguém e debater sobre arte de rua

Alberto Serrano, o Tito, em palestra na Universidade

Quem anda pelas ruas do Rio de Janeiro provavelmente já se deparou com os grafites do americano radicado no Brasil Alberto Serrano, mais conhecido como Tito, que apresentam o protagonista Zé Ninguém e contam uma história não-linear por diversos cantos da cidade. Por meio de uma parceria entre os departamentos de Letras e de Artes & Design, Tito esteve na PUC-Rio, no dia 21 de maio, para contar sua trajetória e debater sobre grafite e arte de rua. A iniciativa surgiu em um momento oportuno: no começo do ano, Zé Ninguém ganhou linearidade e virou livro pela Edições de Janeiro com o apoio da Prefeitura.

Quando chegou ao Brasil em dezembro de 2001, motivado pelos atentados de 11 de setembro e pelo relacionamento com a brasileira Flavia Oliveira, com quem trabalhava em Nova York, Tito foi apresentado ao grafite carioca por um amigo. Mas, apesar de participar e gostar daquela estética, ele não sentiu que seu trabalho fazia parte do diálogo urbano. Foi então que surgiu, em 2008, Zé Ninguém, inspirado no pai de Tito, porto-riquenho que andava de chinelo e short pelas ruas do Bronx, em Nova York, onde ficava totalmente à margem da cultura local. No Brasil, o artista percebeu que muitos eram daquele jeito e, portanto, seriam uma boa influência para criar uma história em quadrinhos.

Zé Ninguém (Foto de divulgação: www.titonarua.com)

Zé Ninguém, um professor que perdeu a memória, está presente em mais de 200 artes espalhadas pela cidade, das quais 150 foram compiladas e inseridas no livro. Tito busca, por meio das ilustrações, criar uma relação entre a arte e o espaço urbano. Zé se mistura ao cotidiano do carioca, mas não se limita apenas ao Rio: ele também pode ser visto em muros de Londres, Nova York e São Francisco. Com relação à personalidade do personagem, Tito explicou que passa uma mensagem para o brasileiro. Zé Ninguém é, acima de tudo, um otimista.

- Apesar da situação na rua, ele tenta ver as coisas do lado positivo, tenta lidar com as dificuldades e achar jeitos de contornar essas situações.

Tito ressaltou que a internet, os celulares e as mídias sociais exercem papel fundamental para a disseminação da arte de rua. Ele lembrou que o burburinho em torno de Zé Ninguém começou ainda nos tempos do Orkut, quando criaram uma comunidade para o personagem. Sobre a originalidade da obra, o artista comentou que o que ele faz não é totalmente inovador, e sim uma volta a um passado distante, mas adaptado aos tempos atuais.

- É uma linguagem diferente, mas também não é. O que eu fiz foi levar os quadrinhos e o grafite para a sua origem, que era o homem das cavernas escrevendo na parede que matou um búfalo. É uma história que ele grafitou na parede, então eu estou voltando para ela, mas com os recursos que temos hoje, como o spray, a divulgação da internet e o livro impresso.

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