Abordagem Bíblica foi o tema debatido nesta quarta-feira, 2 de setembro, no segundo dia do Simpósio Internacional de Teologia. A palestra foi proferida pela professora Luisa M. Almendra, da Universidade Católica Portuguesa. Com mediação da professora Maria de Lourdes Corrêa Lima, do Departamento de Teologia, Luisa analisou os conceitos de paz encontrados na Bíblia.
A palestrante comentou sobre a origem da palavra e as diferentes interpretações a partir do hebraico. Em seguida, demonstrou a visão de Deus sobre o tema a partir de versículos bíblicos. Para a professora, Deus estabelece uma relação direta entre paz e ação.
- É uma ideia e uma afirmação. A paz viria do agir de Deus e do agir do ser humano. A ideia que prevalece não é a de um estabelecimento final da paz, mas o resultado de uma relação de causa e efeito.
Segundo Luisa, a Bíblia faz também um paralelo entre paz e justiça, em que a primeira é fruto da segunda. Para a professora, a realização da justiça será a paz e vice-versa. Ela falou ainda das decisões tomadas por Deus, expressas no texto, para garantir a manutenção da paz.
Durante todo encontro, a palestrante abordou pontos essenciais para a compreensão da paz. Ela comentou sobre cada parte do versículo 27, do capítulo 14 do Evangelho de João. No início, ressaltou a paz que Jesus se referia quando disse “Dou-lhes a paz”, um sentimento que transmite a salvação de Jesus à humanidade.
- Esse contexto narrativo assegura que o dom da paz que Jesus deixa aos seus discípulos não se reduz a uma simples paz interior, tranquilidade e bem-estar, ou exterior, pela ausência de conflito. É muito mais do que isso, é uma plenitude que se amplia a realização de uma salvação que Jesus realiza em nós.
A professora portuguesa destacou a consideração dessa passagem como a mais eloquente da Bíblia ao tratar da a paz. Segundo ela, Jesus quis transmitir a força e a coragem, uma palavra de ânimo para os discípulos. Lembrou ainda ser a primeira vez que aparece a palavra eirí̱ni̱ (paz), que significa um sentimento de tranquilidade, reconciliação e salvação, como se o termo tivesse sido reservado para aquele momento.
- Ele não usou até o capítulo 14 esse termo, eirí̱ni̱. Como se tivesse sido guardado, como um tesouro. É possível perceber o valor que é dado a alguns termos pelo uso excessivo ou pela localização deles. Então, comparando com os outros textos do Evangelho, a reserva desse termo para momento é muito significativo, já que é uma situação tão particular de Jesus com os seus discípulos.
O Simpósio termina na quinta-feira, dia 3 de setembro. A programação está disponível na página http://www.simposiopucrio.teo.br/programacao.htm. O encerramento será às 18h, no Salão da Pastoral.