Gal Costa dos anos 1970, Ana Cañas, Maria Gadú e rock experimental. Tudo isso, misturado, forma a sonoridade híbrida de É, primeiro disco da carreira de Duda Brack, gaúcha radicada no Rio de Janeiro. A cantora participa do Intervalo Cultural, no Anfiteatro Junito Brandão, para apresentar o repertório do álbum. Devido à chuva do último dia 9 de setembro, o show foi remarcado para a próxima quarta-feira, dia 16.
Como se a talentosa gaúcha de 21 anos, que mora no Rio desde os 18, já não bastasse, ela conta com um time de peso nos instrumentos: Gabriel Ventura (Ventre) na guitarra, Yuri Pimentel (Rua) no baixo e Gabriel Barbosa (Posada e o Clã) na bateria – contudo, especificamente neste show, Tomás Rosati (El Efecto) assumirá as baquetas.
Duda conta que veio para o Rio de Janeiro por causa da música e acabou juntando o útil ao agradável quando passou para o curso de licenciatura em música, na UNIRIO. E como sempre foi apaixonada pela cidade, fazer o curso foi a desculpa que faltava para morar aqui.
- Quando ainda morava em Porto Alegre, eu vinha frequentemente ao Rio (sempre tive família aqui), e, por conta disso, comecei a conhecer uma galera daqui que estava fazendo música e fui criando laços. Comecei a ter contato com mais gente da minha geração que tinha uma mesma busca que a minha. Além disso, o Rio, assim como São Paulo, ainda oferece mais oportunidades.
A cantora espera que “algo bonito se dê, física, emocional e espiritualmente”, no show de amanhã.
- Algo potente e especial, capaz de emocionar e potencializar sensações na vida de todas as pessoas que fizerem parte deste acontecimento-show.
Ela enfatiza a relação intensa e visceral que tem com o palco. Ela diz que o show funciona como uma catarse.
- Eu sou enlouquecida por isso. O show, para mim, é sempre uma enchente de vida, de amor, de tesão, de luz. Espero que eu consiga, através da minha música e da minha entrega, instaurar uma utopia-coletiva.
Duda começou a ganhar visibilidade no cenário musical com a música Because Ousa, de Dani Black e João Guarizo, quando venceu o Festival Nacional da Canção, em 2013.
O lançamento do disco É foi realizado no Levada Oi Futuro, em junho deste ano, com a curadoria de Jorge Lz. O convite surgiu depois de uma série de reuniões de artistas independentes e produtores com o objetivo de desvendar as novas formas e necessidades da música independente no Rio de Janeiro.
Para ele, É, mesmo sendo o primeiro disco da intérprete, é um trabalho consistente e maduro. Segundo o curador, Duda é mais do que apenas uma artista promissora. Ele acredita que a jovem vai se estabelecer muito bem no cenário musical.
- A Duda é o tipo de artista que pode causar certa estranheza inicial, mas na segunda audição já é bem mais assimilável. Não gosto muito se setorizar as pessoas, mas vejo uma ligação do resultado do trabalho dela com o que se procurava fazer no final dos anos 60 e início dos 70. Você pega os discos mais elétricos da Gal, e, realmente, tem uma coisa parecida. – conclui.
Luís Carlinhos, curador do Intervalo, diz que sonoridade, intensidade, presença de palco e performance da artista foram fatores essenciais para que ele a convidasse para tocar no Intervalo Cultural.
- A Duda apareceu com uma sonoridade de banda, mesmo sendo artista solo. Para mim, o É é um disco de rock que chama atenção pela urgência da sonoridade e plasticidade. É um disco de sonoridade atual, de rock moderno, e ela tem uma voz muito bonita. Depois de fazer muita pesquisa, estou apostando no trabalho dela. Gosto de trazer para o Intervalo artistas que estão experimentando, também, além dos consagrados.
Para ele, essa mistura que Duda faz é parte do cenário atual da música brasileira e combina muito com o público da PUC-Rio. Carlinhos afirma que não existem mais segmentos muito bem definidos dentro da Universidade.
- Temos muitas caras aqui, muitos estilos de pessoas, que ouvem do sertanejo ao rock, passando pelo reggae, samba e funk. Acho que a Duda vai trazer um público mais jovem, uma galera que frequenta as festas da Vila dos Diretórios. Estou apostando nisso.