Pré-estréia de Cafundó e bate-papo com Paulo Betti
19/04/2007 17:44
Ana Terra Athayde / Foto: Carolina Jardim

Filme descreve a trajetória do líder carismático João de Camargo

Vencedor de quatro kikitos no 33° Festival de Cinema de Gramado, em 2005, incluindo o prêmio de melhor ator para Lázaro Ramos, o filme Cafundó teve pré-estréia na PUC, no dia 9 de abril. Dirigido por Paulo Betti e Clóvis Bueno, o longa-metragem mostra a trajetória do líder carismático João de Camargo. Betti esteve no auditório do RDC e contou aos presentes como foi o processo de produção do filme.

O ex-escravo João de Camargo viveu em Sorocaba, São Paulo, no final do século XIX e início do século XX. Ao longo de sua trajetória, tornou-se um líder religioso na região. Betti contou que sempre teve fascínio pela história e que pensava em filmá-la há anos.

– Conheci a vida desse personagem quando eu tinha 3 anos. Meu avô era um imigrante italiano que trabalhava para um fazendeiro negro, numa situação muito curiosa. Eu ia para a roça do meu avô e, no caminho, passava pela igreja dedicada a João de Camargo, lugar que tinha virado uma espécie de museu, após a morte dele, em 1942, disse Betti.

Cafundó foi filmado em apenas sete semanas, em 2003, e teve como locação cidades do Paraná, como Lapa e Ponta Grossa, e o centro de São Paulo. Ao falar sobre o sincretismo religioso, mostra parte dos elementos que formam a identidade brasileira.

– Eu sou, um pouco, esta mistura que aparece no filme. Sou devoto do preto-velho Nhô João, ao mesmo tempo em que fui formado pela Igreja Católica, através do trabalho dos padres salesianos de Sorocaba, disse ele.

Clóvis Bueno, que já trabalhou como diretor de arte em filmes como Carandiru e A ostra e o vento, elaborou o roteiro através da pesquisa realizada para a produção do longa. Foram coletados depoimentos e alguns dos pedidos feitos por fiéis ao santo.

O material recolhido também deu origem ao livro João de Camargo de Sorocaba: O nascimento de uma religião, de Adolfo Frioli e Carlos de Campos. Betti acredita que a obra contribui para que se conheça mais sobre o papel do negro na história brasileira. Também foi elaborado um roteiro ilustrado do longa, na forma de um livro homônimo. O filme entrará em cartaz no cinema Odeon BR, na Cinelândia, no dia 26 de abril, mas já está disponível nas locadoras.

Edição 185