A atualidade do pensamento de Frantz Fanon
10/12/2015 03:18
Gabriele Roza

Seminário debate atualidade do trabalho do psiquiatra, cuja obra ainda é pouco difundida na sociedade

Professores e alunos de diversas universidades e instituições brasileiras estão reunidos na Universidade para refletir e conhecer o pensamento do psiquiatra afro-francês Frantz Fanon. O encontro comemora os 90 anos de Fanon e propõe, por meio de apresentações e debates, rever a trajetória, explorar a repercussão histórica e a potência teórica e política do pensador. Na conferência de abertura, no dia 9 de dezembro, o professor Lynn Mário de Souza, da Universidade de São Paulo (USP), abordou as diversas leituras que podem ser feitas do escritor.

O professor destacou a experiência que teve com a obra de Fanon. Ele explicou que para entender Fanon é preciso, além de partir da individualidade de cada um, situar a leitura no tempo e espaço em que a obra foi escrita. De acordo com o Mário, apesar do psiquiatra ter refletido sobre o excluído da sociedade da época, é possível atualizar os escritos para se pensar no excluído de hoje.

- Fanon pode nos ajudar a compreender o Rolezinho, que ocorreu em São Paulo. O Rolezinho é importante para pensar como o excluído racial, adquirindo uma nova identidade econômica, continua excluído. É preciso entender a complexidade disso. Fanon pode nos ajudar a compreender o funk também e todos esses fenômenos marginais. Ele ainda tem muito a contribuir, mas não podemos ler Fanon sem identificar a importância do contexto e de não universalizar.

Na primeira sessão de comunicações Frantz Fanon Aqui e Agora, alunos da disciplina da Pós-Graduação do Departamento de Letras apresentaram trabalhos relacionados ao pensador. Daniele Rodrigues ressaltou o alto índice de homicídios de jovens negros. Para ela, é possível associar Fanon com os problemas atuais de racismo no Brasil.

- Não podemos esquecer do extermínio, 77% dos jovens assassinados no nosso país são negros, sejam eles jogados do alto do Sumaré ou sejam eles assassinados com 111 tiros pelas armas da polícia militar. É preciso falar e assumir o racismo e foi sobre isso que refleti na leitura de Fanon. Fanon estava em 1952, eu estou em 2015, e parecesse que nada mudou.

Já Juliana Vieira estudou a obra de Fanon com a letra da música Negro Drama, dos Racionais MC's. A estudante entende que ambas narram a conscientização do ser negro e a suspeição que existe sobre ele.

- Quando conseguirmos avançar nos caminhos abertos pelo Fanon, pelos Racionais MC’s e tantos outros, talvez se possa evitar os assassinatos de jovens negros cometidos pelo estado.

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