O seminário Interculturalidade, Educação e Cidadania, na última sexta-feira, 3, no Salão da Pastoral, marcou as comemorações pelos 20 anos de atividades do Grupo de Estudos sobre Cotidiano, Educação e Culturas (Gecec) do Departamento de Educação. Pela manhã, a mesa reuniu o pesquisador Fidel Tubino, da Pontifícia Universidade do Peru (PUC-Peru), os coordenadores do Gecec, Marcelo Andrade e Vera Candau, organizadora do encontro, Ralph Bannell, diretor do Departamento de Educação, e Alicia Bonamino, coordenadora do Programa de Pós-Graducação em Educação.
O Gecec aborda questões como movimentos socioeducativos e diferenças culturais voltadas para a educação. Nestas duas décadas, foram defendidas 28 teses de doutorado e publicados dez livros. O diretor do Departamento, Marcelo Andrade, atribuiu as vitórias ao trabalho e esforço de todos os envolvidos:
– Nosso curso está entre os quatro melhores do país. A todos vocês, agradecemos a participação crítica, produtiva e ativa durante esses 20 anos. A atuação de cada um foi fundamental para o desenvolvimento do Gecec. Espero que possamos continuar investindo em uma educação que responda aos obstáculos impostos pela nossa sociedade. São 20 anos, mas parece que tudo começou ontem – afirmou.
A professora Vera Candau completou:
– Foram anos de intenso trabalho. Produção de livros, artigos, comunicações em congressos, palestras, assim como a elaboração de teses e dissertações que sempre referidos a uma pesquisa de caráter institucional permitiram a discussão de assuntos tanto presentes na produção acadêmica quanto na dinâmica da sociedade em geral, no contexto educacional.
Convidado para o encontro, o professor da PUC-Peru Fidel Tubino falou sobre a educação intercultural na América Latina:
– O interculturalismo latino-americano é uma resposta às assimetrias do multiculturalismo “de fato”. Por isso, surge a Educação Intercultural para Todos (EIT), que responde a um problema histórico e estrutural das sociedades latino-americanas.
Tubino observou que o interculturalismo latino-americano na educação superior está dividido entre universidades interculturais e de ação afirmativa convencional. Na primeira, entre as vantagens listadas por Tubino estão a sua relevância cultural, pois têm planos de estudos e metodologias adequadas às características dos alunos, e a oferta profissional é contextualizada. No entanto, não garantem um profissional com qualidades “padronizáveis”, ao contrário do que se pode ver nas universidades na ação afirmativa convencional, que garantem profissionais com qualidade padronizada.
Além disso, acrescentou possibilitam aos estudantes indígenas e/ou ascendentes africanos o acesso ao sistema universitário nacional. Contudo, podem-se criar sociedades paralelas, conhecidas como “ilhas étnicas”.
Fidel Tubino ainda citou os tipos de formações humanistas integrais. O primeiro grupo é a formação humanista etnocêntrica que, como o próprio nome já diz, é uma visão de mundo de quem considera o seu grupo étnico, nação ou nacionalidade socialmente mais importante que os demais. Em contraposição a essa ideia, existe a formação humanista aberta à diversidade cultural, que estimula o diálogo de conhecimento e reflexivamente incorpora contribuições teóricas e práticas de culturas não ocidentais. “Além disso, há preparação dos alunos para a comunicação intercultural em contextos diferentes e assimétricos”, acrescentou.