Filme Orestes e o período da ditadura militar
09/06/2016 00:00
Gabriel Franco / Fotos: Nina Cardoso

Exibido na mostra Pra Não Esquecer, no dia 8 de junho, o longa-metragem faz relação com o mito grego de Orestes, que trata da questão do perdão e do esquecimento

O filme Orestes foi exibido na mostra Pra Não Esquecer, no dia 8 de junho. Lançado em 2015 pelo diretor Rodrigo Siqueira, o longa aborda questões sobre o passado histórico brasileiro da ditadura militar. O documentário faz relação com o mito grego de Orestes, que trata da questão do perdão e do esquecimento. No mito, é instaurado o primeiro júri da história, marcando uma passagem da lei do “olho por olho e dente por dente” para um embrião do que viria a ser uma jurisprudência atual.

Após a exibição, aspectos da película foram discutidos pelos professores do Departamento de Comunicação Social Drauzio Gonzaga e Hernani Heffner.Gonzaga explicou que a tragédia grega está sempre ligada à mitologia e é frequente a presença da vingança e da maldição.

- Os personagens da tragédia estão vivendo dramas cuja causa não repousa nas suas existências, mas remete às dos antepassados criminosos que foram amaldiçoados pelos deuses e que têm que cumprir um destino de vingança e reparar as culpas anteriores – explicou.

Para Heffner, o filme Orestes se mostra distante de uma filmografia brasileira atual que gira entorno do tema da ditadura. Segundo ele, a história brasileira foi sepultada pela Lei da Anistia e não houve um enfrentamento direto aos casos de tortura, tanto no cinema quanto na própria sociedade.

- Na Argentina, houve um julgamento legal e institucional baseado em jurisprudência sobre o crime de tortura. Você tem ali não um confronto ou vingança, mas uma indicação de que ficou a ausência e a perda, é a retórica da perda.

Segundo o professor, o filme vai em contraponto ao caso brasileiro de perdão e anistia e bate de frente com questões da violência e da tortura presentes no período militar. Na história, é narrado o caso do Cabo Anselmo, agente infiltrado da ditadura que teve uma relação amorosa com a combatente Soledad Barrett Viedma. Anselmo mata a militante, que estava grávida de quatro meses. No longa, uma personagem, a filha de Soledad, traz a dúvida quanto ao parentesco com Cabo Anselmo e aborda o tema do perdão ou culpa sobre crime.

- Há no filme um julgamento que não é concluído. E isso mostra a continuidade da problemática da ditadura na sociedade de uma forma maior, esse é um dos dados mais importantes – comentou Heffner.

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