Voluntários da PUC falam sobre os preparativos para o Pan
Felipe Augusto são alguns dos voluntários
Nos treinamentos realizados no último mês, cerca de doze mil voluntários compareceram ao Teatro João Caetano, no Centro, e ao Ribalta, na Barra. Eles aprenderam sobre políticas e procedimentos dos jogos, além de assistirem a vídeos com depoimentos de atletas e representantes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Entre os principais requisitos para ser um voluntário estão a disponibilidade de tempo, motivação e idade acima de 18 anos. "Mas é claro que boa vontade é o principal. Para trabalhar em determinadas funções, é necessário conhecimento de inglês ou espanhol, ou da área médica", diz a coordenadora Paula Hernandez.
Aos 62 anos, o ex-aluno de Engenharia de Operação Paulo Carvalho decidiu dedicar o tempo disponível para ajudar atletas e turistas, e por isso, gostaria de trabalhar na área de tradução. "Além de ser uma boa oportunidade para conhecer novas culturas, posso contribuir para que a imagem do Rio melhore lá fora", afirma ele, formado em 68. Representar bem o país é também a preocupação de Matheus Leite, de 31 anos, doutor em Informática pela PUC. Durante os treze dias do evento esportivo, Matheus trabalhará na área de Relações Internacionais. "Na minha opinião, a qualidade do nosso trabalho será melhor do que se fôssemos terceirizados, pois estamos lá porque queremos", afirma.
Para o Parapan, que será realizado entre 12 e 19 de agosto, cerca de cinco mil voluntários serão convocados, e grande parte deles já terá trabalhado nos Jogos Pan-Americanos, em julho. Segundo Paula Hernandez, 60% dos inscritos para os jogos de julho disseram que trabalhariam nos dois eventos e por isso, a organização prefere escolher os mesmos voluntários do Pan-Americano. A coordenadora afirma também que muitas pessoas se registraram somente para trabalhar no Parapan, e acredita que grande parte delas tenha sido motivada por ter experiência ou habilidade com deficientes físicos.
Preocupação com currículo e vontade de conhecer novas pessoas são o que leva grande parte das pessoas a se inscrever para um evento desta grandeza. "No início, só queria ser voluntária para ajudar no currículo. Mas depois que tive noção da dimensão do Pan, realmente tive vontade de participar", diz Priscila Marotti, de 20 anos, aluna do 4º período de Jornalismo. Para Felipe Augusto, de 20 anos, do 1º período de Comunicação Social, o importante é a experiência de vida que o Pan irá lhe trazer, além, é claro, de ajudar a imagem carioca no exterior. A paixão pelo esporte e a pretensão de ser administrador esportivo fizeram com que Thiago Libonati, de 22 anos, do 9º período de Administração, se interessasse em ser voluntário. "Gosto de esporte e de lidar com o público e o Pan era um bom momento para fazer as duas coisas", afirma.
Conhecido como o "vô do Pan", Éden Francisco Lopes (box) será o voluntário mais velho do evento, com 85 anos. Com o frescor de um jovem e a experiência de anos no mundo desportivo, decidiu ajudar na organização do Pan. "Eu sou útil e posso contribuir. Quanto mais ajuda o Brasil tiver, melhor", diz Éden. Com o orgulho estampado no olhar, revela que ganhou um auditório com seu nome por ser Benemérito da Confederação Brasileira de Remo. Na sede da confederação, na Lagoa, Éden se despede, com a alegria de um menino, cantando o hino do remo brasileiro, de sua autoria: "No pódio todo atleta quer subir, mas, para isso conseguir, tem que treinar, tem que suar, para conquistar a vitória". Vitória que seria impossível se não fosse a ajuda de quinze mil brasileiros.
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Apaixonado por "qualquer esporte", como ele mesmo diz, Éden é formado em odontologia, e fez um curso na PUC de Implantodontologia nos anos 70. Foi o primeiro brasileiro a ser árbitro de boxe, e a partir de 1974, participou de mais de dois mil combates, inclusive em Olimpíadas. Além disso, fez parte da primeira turma de jurados de remo do Brasil, e hoje é supervisor de todos os cursos de árbitros de remo olímpico.Como atual presidente do conselho fiscal da Confederação Brasileira de Remo, Éden acredita que o Brasil tem chances de conseguir medalhas no remo, embora haja equipes mais bem preparadas como as de Cuba, EUA e Canadá.
Como voluntário, se diz realizado por poder participar do Pan. "Estou muito feliz, vou ajudar o máximo que posso. É uma honra trabalhar no Pan-Americano", afirma o orgulhoso vovô do Pan.
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•A idade mínima é 18 anos. O voluntário deverá ter começado o segundo grau.
•Cerca de 45% dos voluntários têm entre 18 e 30 anos; 51% são mulheres. 80% são da região sudeste.
•Noventa mil pessoas se cadastraram para ser voluntários.
•Ao todo serão 57 atividades. Os voluntários trabalharão em 44 delas, como credenciamento, transporte, logística, competições, médica, esportiva (doping), tecnológica, administrativa, distribuição de uniforme e imprensa.
•Todos os voluntários terão direito a vale-transporte e alimentação durante o período de trabalho (oito horas por dia). Além disso, ganharão uniformes e um certificado de participação. Os voluntários de fora do Rio terão que arcar com a passagem até a cidade e hospedagem.
Edição 187