Bicampeão olímpico de vôlei (Barcelona 1992 e Atenas 2004) e campeão mundial em 2002, na Argentina, o agora técnico Giovanne Gávio inaugura uma parceria com as equipes masculina e feminina da PUC-Rio. Como orientador, vai transferir à rotina dos atletas universitários parte da experiência acumulada por quase 20 anos de seleção verde-amarela, desde a largada em 1987, quando ajudou o Brasil a conquitar o Sul-Americano juvenil, até a consagração do bi olímpico na capital grega. Eleito o melhor jogador do mundo em 1993, Giovanne também participou do tricampeonato olímpico, ano passado, nos Jogos do Rio, desta vez como gerente. Ele garante que "dará o máximo" para conciliar a agenda à frente do Sesc-RJ, na Superliga B, com o compromisso de orientar as equipes da PUC. Em entrevista ao Jornal da PUC, logo depois do encontro incial com os jogadores, segunda-feira passada, no ginásio do campus, Gigio, como é conhecido, detalhou os objetiivos desta iniciativa e as táticas para alcançá-los. Apontou, ainda, rumos para explorar o potencial do esporte universitário na formação de talentos – a começar, pela orgabização das ligas do gênero no país e pelo incentivo ao trabalho muldisciplinar.
Jornal da PUC – Como nasceu esta inicitaiva? Qual o principal objetivo?
Giovanne – Como meu filho estuda aqui, entrou no ano passado, pude acompanhar mais de perto (a rotina do campus) e tive a oportunidade de conversar com o professor Renato Calado (coordenador de Educação Física da PUC-Rio) e com o professor Augusto Sampaio (vice-reitor Comunitário). Esse é um ambiente que me encanta, acho fantástico. Apesar da rotina apertada como técnico de time profissional, sempre que puder estar aqui vai ser bom. Indiquei o Gabriel (Fonseca), um dos meus auxiliares no Sesc-RJ, para ser o treinador. Ele tem uma forma de trabalhar parecida com a minha, e a tendência é a gente tentar fazer cada vez mais no ambiente acadêmico um trabalho mais profissional.
Jornal da Puc – O esporte universitário é um celeiro de talentos, mas o que falta para explorar melhor este potencial no Brasil ?
Giovane – O que falta é organizar as ligas universitárias. A gente aqui no Brasil não dá tanto valor a isso, o que seria importantíssimo. Num ambiente educacional, ter o esporte trabalhando com outras profissões (habilitações) é incrível. Aqui há professores, alunos de fisioterapia, medicina do esporte, jornalismo. Todos esses profissionais trabalhando em função do esporte, do time. Isso gera pesquisas de extensão e oportunidades de estágio. Então, poderia ser um ambiente muito mais desenvolvido.
Jornal da PUC – Como o ambiente universitário influi na formação do atleta?
Giovane – Aqui, além da parte física, eles também estão desenvolvendo o trabalho em grupo, o respeito às regras e aos valores importantes à formação dos indivíduos. Muitos não tiveram a chance de desenvolver esses aspectos numa escolinha e agora têm a oportunidade de fazer aqui. É um ambiente escolar fantástico.
Jornal da PUC – Até que ponto o investimento nas categorias universitárias também é um dos caminhos para manter o Brasil na elite do vôlei mundial?
Giovane – São futuros profissionais, pessoas que provavelmente serão muito bem-sucedidas, e podem, no futuro, lembrar da experiência que estão tendo e, quem sabe?, se tornarem patrocinadores do esporte, incentivadores.
Jornal da PUC – Com uma percepção do esporte apurada por mais de duas décadas de competições e conquistas do vôlei brasileiro, como jogador e, mais recentemente, como treinador, que diferenças o senhor observa no esporte passados seis meses dos Jogos do Rio?
Giovane – Nesse período pós-olímpico, imagino que as pessoas procuram um pouco mais (o esporte), que tenham um conhecimento maior, o que é ótimo. É um esporte importantíssimo, e precisa cada vez mais ganhar espaço.
Jornal da PUC – Como manter o vôlei brasileiro no pódio global?
Giovane – Ter os clubes formadores, ter mais gente participando, os ídolos inspirando cada vez mais novas pessoas a entrar no vôlei. E manter vivo o desejo de ser jogador de vôlei nos jovens. Acho que precisamos ter mais gente praticando esse esporte. É o caminho.