Meninas de Santa Rita
25/06/2007 17:00
Caio Barreto / Fotos: Felipe Fittipaldi

No orfanato Santa Rita de Cássia, a Irmã Maria Mabel de Luna Melo cuida de 50 meninas, das quais dez ainda esperam por adoção. Uma vez por mês, um grupo da PUC-Rio, organizado pela Pastoral, visita as meninas de Santa Rita.

As meninas do orfanato brincam no terraço
As mais novas brincavam no escorregador, enquanto as maiores dançavam no canto. Eram 50 meninas espalhadas no terraço. Elas entravam na cozinha e saíam com um sanduíche em uma mão e um copo de guaraná na outra. Era hora do lanche, quando um grupo de alunos da PUC-Rio chegou ao Orfanato Santa Rita de Cássia, em Jacarepaguá, onde a Irmã Maria Mabel de Luna Melo, ex-aluna da Universidade e diretora do orfanato, cuida das dez meninas internas e das 40 externas – que passam o dia no local e, à noite, voltam para casa.

O orfanato foi fundado há 75 anos, e funciona no atual endereço há cerca de 50 anos. Lá, as crianças contam com assistente social, psicóloga, pedagoga, advogada e com os muitos voluntários que, como o grupo da PUC –organizado uma vez por mês pela Pastoral –, compartilham tempo e atenção com as meninas de 5 a 15 anos de idade. "A Justiça determina que as crianças internas tenham, no máximo, 12 anos, mas como nem sempre conseguimos a adoção, elas permanecem conosco", explica a acolhedora Irmã Mabel.

Daiana da Luz, de 11 anos, é a mais antiga no orfanato – está lá desde os 3 anos. O olhar fugidio e tímido vai, aos poucos, dando lugar à segurança de quem sabe o que quer. "Namorado, não – primeiro os estudos", conta a menina, enquanto faz origâmi com uma folha de papel. Daiana espera que a Justiça da Infância e da Juventude permita, em breve, que ela viva com seus irmãos. Alhandra Cristina Santos Leles, de 5 anos, é a caçula da turma, e chegou ao orfanato no início de junho.

Sorridentes, elas recebem o grupo da PUC
Dezesseis das 50 meninas estiveram na Universidade para cantar e dançar na Fevuc, no dia 14 de junho. Foram aplaudidas de pé. "Todas elas vêm de uma história familiar difícil, de abuso ou abandono, mas aqui são acolhidas e amadas", afirma a Irmã Mabel. Entre as atividades do orfanato estão aulas de informática, dança, culinária, inglês, artesanato, capoeira, teatro e reforço escolar.

Na despedida, as meninas abraçam os visitantes e os convidam para a Festa Junina do orfanato, no sábado, 30, entre 15h30m e 22h. "Vai ter pipoca doce, milho, maçã do amor, salsichão, forró...", conta uma das pequenas. Na ocasião, será conhecida a Rainha do Milho, aquela que vendeu a maior quantidade de grãos de milho de papel.

Por fim, Daiana vai até o grupo, já na saída, mostrar o origâmi pronto: ela transformou a folha em branco na cabeça de um saci-pererê sorridente. É o que faz o orfanato: muda a forma da vida dessas meninas, que lá chegaram como folhas em branco, às vezes manchadas, para se tornar, pouco a pouco, coloridas.

 

Edição 188