O orfanato foi fundado há 75 anos, e funciona no atual endereço há cerca de 50 anos. Lá, as crianças contam com assistente social, psicóloga, pedagoga, advogada e com os muitos voluntários que, como o grupo da PUC –organizado uma vez por mês pela Pastoral –, compartilham tempo e atenção com as meninas de 5 a 15 anos de idade. "A Justiça determina que as crianças internas tenham, no máximo, 12 anos, mas como nem sempre conseguimos a adoção, elas permanecem conosco", explica a acolhedora Irmã Mabel.
Daiana da Luz, de 11 anos, é a mais antiga no orfanato – está lá desde os 3 anos. O olhar fugidio e tímido vai, aos poucos, dando lugar à segurança de quem sabe o que quer. "Namorado, não – primeiro os estudos", conta a menina, enquanto faz origâmi com uma folha de papel. Daiana espera que a Justiça da Infância e da Juventude permita, em breve, que ela viva com seus irmãos. Alhandra Cristina Santos Leles, de 5 anos, é a caçula da turma, e chegou ao orfanato no início de junho.
Na despedida, as meninas abraçam os visitantes e os convidam para a Festa Junina do orfanato, no sábado, 30, entre 15h30m e 22h. "Vai ter pipoca doce, milho, maçã do amor, salsichão, forró...", conta uma das pequenas. Na ocasião, será conhecida a Rainha do Milho, aquela que vendeu a maior quantidade de grãos de milho de papel.
Por fim, Daiana vai até o grupo, já na saída, mostrar o origâmi pronto: ela transformou a folha em branco na cabeça de um saci-pererê sorridente. É o que faz o orfanato: muda a forma da vida dessas meninas, que lá chegaram como folhas em branco, às vezes manchadas, para se tornar, pouco a pouco, coloridas.
Edição 188