Há 300 anos, no ano de 1717, os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves tentavam pescar no Rio Paraíba. Sem sucesso, rezaram e pediram ajuda à Deus por uma boa pescaria. Foi quando uma imagem apareceu entre as cordas da rede, primeiro o corpo, depois a cabeça. Era a representação de uma mulher negra. Após o aparecimento da imagem, uma grande quantidade de peixes encheu as redes. Foi o Primeiro Milagre de Aparecida, e, a partir de então, a imagem passou a ser cultuada e reverenciada pelos moradores da região.
Em 1930, o Papa Pio XI assinou um Decreto que oficializava Nossa Senhora da Conceição Aparecida como Padroeira do Brasil, o que legitimou a fé na santa, já existente desde a descoberta no rio. Em 1980, a Basílica Nova, maior Santuário Mariano do mundo, foi consagrada pelo Papa João Paulo II. Em 1983, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, (CNBB) declarou a Basílica de Aparecida como Santuário Nacional.
A imagem encontrada pelos pescadores era originalmente de Nossa Senhora da Conceição, mas por causa da ação do tempo dentro da água, ela estava com a cor escura. Em referência ao modo como foi achada, ela passou a ser reverenciada como Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Segundo padre Marcos Vinicius Vieira, professor do Departamento de Teologia, o contexto em que ela aparece, à pescadores, de forma simples, em um Brasil escravista, ajudou na identificação daquele povo.
– A festividade do dia 12 de outubro tem um sentido especial na história do Brasil, e principalmente na cultura brasileira, porque está correlacionada à identidade do povo e também enquanto comunidade de fé.
Segundo padre Marcos, Maria foi uma mulher que, no tempo em que viveu, superou a marginalidade e a indiferença da sociedade. Em alusão às mulheres nos dias de hoje, ele afirma que Nossa Senhora é símbolo de abrigo, proteção, acolhimento e testemunho da fé.
– O papel dela como mãe e como mulher é de acolhimento. Maria se torna referência como sinal daquela que acolhe, que vai à luta e que quebra barreiras e desafios. Este modelo vai além da devoção para os católicos, ela é a mãe, o que para qualquer religião, para qualquer particularidade faz sentido.
A devoção Mariana faz parte da história do Brasil, e os traços dessa devoção são vistos a partir da identificação das pessoas. Para o professor, Maria é a mãe que intercede, que não abandona e não esquece. Segundo ele, é possível perceber, na fé popular, um traço muito forte de piedade, desde novenas às procissões. Padre Marcos cita, por exemplo, as pessoas que, movidas pela fé, peregrinam até o Santuário de Aparecida.
– O que leva aquela gente, sem dúvida nenhuma, é a fé incondicional. Ela faz com que as pessoas vejam em Maria uma esperança, uma razão, um sentido, uma superação das dificuldades e um amparo.
A estudante de Comunicação Social Amanda Barcellos, de 19 anos, é devota de Nossa Senhora Aparecida desde criança. Ela relembra o amor à Maria iniciou por influência da avó. Ainda na infância, ela aprendeu a rezar e a agradecer às graças alcançadas. Amanda acredita que foi a intercessão de Nossa Senhora Aparecida que a auxiliou na conquista de uma vaga na Universidade.
– Maria é mãe de Jesus, e toda mãe quer ver os seus filhos bem, felizes, saudáveis. Sempre peço a ela para me iluminar, me dar forças e interceder por mim junto à Cristo. Em momentos de desespero e tristeza, rezo e converso com ela. Eu me sinto mais leve como se sentisse o abraço dela.