Touro na cabeça: robô de alunos é ouro
20/08/2007 18:00
Thomas Freund / Fotos:

A equipe RioBotz, composta de quinze estudantes de Engenharia da PUC, foi campeã em duas categorias na Olimpíada Internacional de Robótica, disputada em São Francisco, nos Estados Unidos. Numa delas, o robô mais querido por todos, o Touro, conseguiu o título sem dificuldades. A coordenação dos estudantes é feita pelo professor Marco Antonio Meggiolaro, doutor em Engenharia Mecânica pelo MIT.

Estudantes de engenharia desbancam americanos na Olimpíada Internacional de Robótica

 

Daniel Freitas, capitão da equipe campeã, mostra
suas habilidades no comando do xodó Touro

Em tempos de conflitos e guerras constantes, pelo menos uma batalha foi travada para o bem. A equipe RioBotz, da PUC-Rio, conquistou entre os dias 15 e 17 de junho, de forma invicta, duas medalhas de ouro para o Brasil, na Olimpíada Internacional de Robótica, a RoboGames, em São Francisco, Califórnia. Coordenados pelo professor Marco Antonio Meggiolaro, quinze alunos de engenharia brilharam na maior competição de robótica do mundo. As conquistas vieram nas categorias mais nobres, nas quais os robôs têm um peso maior. Touro Light, de 27Kg, e Touro, de 55, são os nomes dos grandes vencedores da Guerra de Robôs.

Competição com ampla cobertura da mídia mundial (NBC, FOX, CNN, ESPN), a RoboGames contou com a participação de equipes experientes, formadas por engenheiros renomados, donos de empresas de tecnologia e responsáveis por sistemas de alto impacto da marinha americana. Os estudantes da PUC, porém, não se intimidaram com o favoritismo das equipes estrangeiras, entre elas as dos Estados Unidos e a do Canadá. Muito pelo contrário.

Desde a confecção de Lacraia, primeiro robô criado pelos estudantes da PUC, até o Touro, xodó de todos, diversas melhorias foram sendo feitas. A blindagem externa avançada, composta de titânio e kevlar (uma espécie de fibra sintética), o alumínio aeronáutico e a estrutura robusta do Touro (nome dado pelo fato de o robô arremessar os adversários e pela associação interessante a um animal) foram inspirados em projetos de tanques de guerra.

- No ano passado, nós assustamos bastante. Levamos um ouro numa categoria mais leve (1,5Kg) e um bronze numa das categorias mais elevadas, as mais nobres (27, 54, 100 e 150Kg). Mas acharam, lá fora, que pudesse ter sido sorte. Agora, com dois ouros entre as quatro categorias pesadas, mudou completamente a visão deles, diz Marco Antonio, coordenador da equipe e doutor em Engenharia Mecânica pelo Massachusetts Institute Of Technology (MIT), maior instituto de pesquisa tecnológica do mundo.

O coordenador Meggiolaro faz ajustes
nos campeões Touro e Touro Light

Mas nem tudo são flores. A dificuldade de patrocínio está entre as adversidades enfrentadas pelos alunos. A ajuda financeira da PUC em viagens nacionais ajuda a amenizar o drama. A equipe espera agora que os bons resultados aumentem a visibilidade, e a compra de materiais dos robôs não seja uma tarefa tão complicada.

- É muito gratificante participar de um evento grande e ser campeão. Vale muito a pena. O aprendizado é enorme, já que colocamos em prática os ensinamentos das aulas. Para o currículo também é bastante válido. Algumas pessoas até me reconhecem. O "paitrocínio" é que poderia ter algum tipo de ajuda de fora também, comenta Daniel Freitas, piloto da equipe.

Conhecido por "esquerda" por trocar a letra "q" pela "g" na fala, Daniel não teve as mesmas complicações no comando dos robôs, apesar de ser a primeira vez que controlava as criações. Companheiro de Eduardo Ristow, capitão da equipe, disputou uma competição muito atrativa, e agora está apto para a participação em outros projetos, como a confecção de robôs que farão parte da inspeção da nova usina de Angra.

Bicampeões da Guerra de Robôs que integra o Encontro Nacional de Estudantes de Controle e Automação (Eneca), os estudantes de engenharia da PUC vêm construindo robôs de alta tecnologia e resistência, além de trocar conhecimentos com outras universidades e ganhar experiência em trabalho em equipe. Como se não bastasse, a RioBotz consagrou-se campeã brasileira pelo quarto ano consecutivo, vencendo as duas categorias do RoboCore Winter Challenge, nos dias 27 e 28 de julho. Mais uma vez, deu Touro na cabeça.

  

  

Edição 189