Historiador segue os rastros da ficção
10/09/2007 16:00
Aurelio Amaral / Foto: Carolina Jardim

Palestra de Carlo Ginzburg

Carlo Ginzburg trabalha com a relação entre literatura e história
"Por que a história é tão chata se em boa parte é fruto necessariamente da invenção?" A citação de Henry James sintetiza a principal questão que o historiador e antropólogo Carlo Ginzburg aborda em seu novo livro O Fio e os Rastros: a linha tênue que separa história e literatura, fatos e versões. Para ele, não existe o que é chamado de "mera ficção". Em sua palestra no auditório do RDC da PUC, no dia 27 de agosto, o estudioso italiano discutiu as origens do fascismo a partir da releitura de Voltaire, Sade e Bataille.

Segundo o autor, a secularização do Estado defendida pelo fascismo era, na verdade, uma máscara que dava legitimidade ao poder e às perseguições de minorias. As massas eram mobilizadas de forma quase religiosa. Haveria um "sacrifício espiritual" que conduziria a sociedade ao amor pela pátria.

Essa visão de sacrifício e de salvação através do sangue tem como inspiração as obras de Sade do século XIX, disse Ginzburg, ressaltando a relação entre literatura e história.

O autor de O fio e os rastros já escreveu mais de quinze livros, entre eles o premiado O queijo e os vermes. Ginzburg é um dos expoentes da micro-história, um ramo da história social que propõe uma análise profunda de um fenômeno a partir de um recorte temático. Já lecionou em Harvard, Princeton, Yale e University of California e, desde 2006, é professor de História da Cultura Européia na Scuola Normale Superiore de Pisa.

 

Jornal 190