Designers mergulham no mundo da moda
10/09/2007 16:00
Fernanda Corrêa

O curso de Desenho Industrial nunca esteve tão próximo da moda. Destaques como criadores de estampas, ex-alunos da Universidade encontraram nas grifes ótimas oportunidades de trabalho. Para atender ao número de estudantes que se interessam pela área, a PUC criou, este ano, a habilitação em design de moda.

Exclusividade é o desafio dos novos criadores de estampas

Gisela Pecego mostra trabalhos
que fez com a designer Ana Laet
Quem ouve falar de Moda e Desenho Industrial pode pensar que um assunto não tem nada a ver com o outro. Certo? Errado. A moda recebe uma nova geração de criadores de estampas, que encontram em muitas grifes uma ótima oportunidade de trabalho. O desafio deles é fugir do clichê e ser criativo.

Com o aumento do interesse dos designers por estampas, os cursos de desenho industrial tiveram que se adaptar. A PUC criou, em 2003, a cadeira de design de padronagem e, neste ano, a habilitação em design de moda. Já inseridos no mercado, alunos e ex-alunos da Universidade – todos com menos de 30 anos – comprovam que dão conta do recado.

Entre os sucessos da estamparia está a aluna Gisela Pecego, do último período de Desenho Industrial. Ela estagia desde 2005 no escritório da artista plástica Ana Laet, onde colaborou na elaboração de estampas para Maria Bonita Extra, My Philosophy, Luiza Bonadiman, Cavendish e Animale, para a qual está trabalhando atualmente. Ela também desenvolve trabalho autônomo para Ausländer e Thelu. A aluna afirma que gosta de explorar várias técnicas diferentes. Em seu primeiro projeto, desenhava asas de borboletas com tinta e depois soprava com o canudo para dar um efeito "esguichado". "É muito bom poder vestir e ver as pessoas usando uma estampa que fiz", conta Gisela.

Cartão de visita, convite de festa, flyers, layouts de site, cenografia. Renata Americano, formada em 2003, já fez de tudo na área do design e conta que caiu de pára-quedas no mundo da moda. Morou em Barcelona, fez vários cursos diferentes, mas só foi pensar em estamparia no último período de Desenho Industrial. Atualmente, Renata é quem cria e desenha as estampas de roupas de grifes badaladas, como Adriana Barra, Lucy in the Sky, Leeloo, Lenny, Clube Chocolate, Patrícia Vieira, Cantão e Richards. Sua especialidade é estampa corrida. "Eu me sinto livre e à vontade quando sei que tenho todo aquele espaço no tecido para contar a história da coleção", diz Renata, que busca inspiração em tudo o que vê. Para a designer, o toque "imperfeito" do trabalho manual e a cultura visual são fundamentais para obter um resultado exclusivo.

Rodrigo Curi exibe a camiseta da banda Mop Top
Rodrigo Curi também se formou em 2003 e seu projeto final foi sobre estampas. Como ele andava de skate, os desenhos, inicialmente, eram feitos para pranchas de skate. Mas o projeto acabou virando a marca Soul Glow, que também lançou camisetas. Depois, um vizinho de Rodrigo o convidou para fazer estampas para a grife College. Atualmente, ele só cria para a Ausländer, já que tem que dividir seu tempo entre o desing e a música. Rodrigo é guitarrista da MopTop, que o inspirou em um de seus trabalhos mais conhecidos: a camiseta com a estampa da banda. Desde então, Rodrigo tenta conciliar a profissão e a Mop Top. Prova do sucesso eram Luciano Huck e Cauã Raymond usando a camiseta, e também os dois prêmios recebidos pelo site da banda, elaborado por ele. "Sempre tento juntar o que estou vivendo com o design. A Mop Top e a música me dão várias idéias e eu preciso aplicá-las em algum lugar", explica.

A professora Ana Luiza Morales, responsável pela eletiva de estamparia na PUC, lembra que, antes de os cursos estabelecerem a relação entre a indústria têxtil e a área, as pessoas não conseguiam ver o projeto de moda como sendo também de design. Hoje, a professora afirma que não existe mais este preconceito. Professora de turmas de aproximadamente 30 alunos por semestre e, atualmente, orientadora de dez projetos finais sobre estamparia, ela reforça que o número de designers interessados no assunto está se expandindo e revela, com humor, o segredo da exclusividade: "Não copiar."

 

 

Jornal 190