Projeto ambiental para descontaminação da Ingá
28/09/2007 17:55
Gabriella Coutinho e Lívia Aragão / Fotos: José Araruna Júnior

Teve início, no dia 14 de setembro, o projeto de descontaminação da massa falida da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, em Itaguaí, elaborado pelo Departamento de Engenharia Civil da PUC. A falência da mineradora, em 1997, provocou o despejo de 320 mil m3 de rejeitos líquidos e 1,2 milhão de m3 de rejeitos sólidos no local. Após a construção da barreira hidráulica e despoluição do parque industrial, a área irá a leilão. A Universidade continuará monitorando o terreno.

Estado atual da mineradora onde será realizado o projeto
No último dia 14, teve início a operação da estação de tratamento de efluentes líquidos no terreno da massa falida da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, situada na Ilha da Madeira, no município de Itaguaí. Estiveram presentes na inauguração os governadores do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, Sérgio Cabral Filho e Aécio Neves, o Secretário Estadual do Meio Ambiente, Carlos Minc, membros do Poder Judiciário e pesquisadores da PUC-Rio e da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe), da UFRJ.

Construída em 1960, a mineradora Ingá tinha, como principal atividade, a produção de zinco e não dispunha de alternativas viáveis para a reciclagem dos detritos industriais. Em 1984, a empresa foi intimada pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) a fechar um dique para conter os resíduos dentro do espaço ocupado por ela e, nesse mesmo ano, a PUC-Rio entrou no programa para realizar os projetos ambientais, evitando que a poluição atingisse terrenos externos à indústria. Treze anos depois, a companhia entrou em processo de falência, deixando 320 mil m3 de rejeitos líquidos e 1,2 milhão de m3 de rejeitos sólidos no local.

O planejamento das ações de remediação foi elaborado pelos professores Antonio Roberto Oliveira, do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio, e Maria Barbosa, da equipe da Coppe/UFRJ. De acordo com Antonio Roberto, 80% dos resíduos vazaram para o local, mas os 20% restantes já estão sendo tratados.

A contaminação abrange 230 mil metros quadrados, dentro da área total de um milhão de metros quadrados da Companhia. A recuperação do terreno se dará em três etapas. A primeira, com duração de dez meses a um ano, consiste no tratamento dos efluentes líquidos e esvaziamento da bacia, que concentra uma grande quantidade de zinco e cádmio. Após essa etapa, haverá um levantamento e análise das áreas contaminadas, seguido da construção de uma barreira hidráulica, que impedirá a passagem de substâncias líquidas contidas no subsolo. De acordo com o professor, não há risco para os profissionais que trabalham no local:

Área contaminada por rejeitos industriais
em fase de tratamento na massa falida da mineradora
– A possibilidade de contaminação das pessoas é zero. O zinco, que está em maior quantidade na Ingá, não oferece nenhum risco, já que é metabolizado e existe em grande quantidade no organismo humano, ressaltou Oliveira.

Os custos da primeira fase da obra serão de R$ 900 mil reais. Depois da construção da barreira hidráulica e descontaminação do parque industrial, a área irá a leilão. O terreno está avaliado em US$ 250 milhões e o lance inicial da massa falida é de R$ 120 milhões, valor equivalente à sua dívida. Cinco empresas estão interessadas na área, uma de Minas Gerais e duas estrangeiras. Segundo Antonio Roberto, a empresa que comprar a área precisará resolver o problema junto aos órgãos ambientais.

A Coppe/UFRJ está envolvida no estudo geotécnico ambiental, assessorando e incluindo soluções para o terreno, a fim de evitar que os próximos projetos causem danos ao meio ambiente. O Departamento de Química da PUC-Rio fará a análise do material coletado e, juntamente com o Departamento de Engenharia Civil, continuará monitorando a área na qual posteriormente funcionará um retroporto, que servirá como terminal de contêineres, pátio de minérios ou depósito de cargas.

 

Edição 191