o quadro Guerra (acima). Já para pintar Paz (abaixo),
o artista se inspirou nas crianças de sua cidade natal, Brodowski
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Os murais Guerra e Paz, feitos pelo pintor Cândido Portinari para a sede da Organização das Nações Unidas, completam 50 anos de exposição neste mês. O aniversário destas obras teve uma comemoração especial na ONU, dia 25, já que a data coincidiu com a semana em que ocorreu a Assembléia Geral da Organização. A reunião contou com a presença dos Chefes de Estado de todos os 192 países que compõem a ONU e também com a do Secretário Geral, Ban Ki-Moon.
João Cândido Portinari, filho do pintor, estava lutando por essas comemorações desde 2003. A intenção na época era utilizar como gancho os cem anos do nascimento de Portinari. A celebração já estava programada para ser realizada na ONU, porém ocorreu o atentado a bomba na sede da organização, em Bagdá, no qual morreu o embaixador Sérgio Vieira de Mello. Desde então, as restrições no interior da Organização ficaram tão rígidas, que é praticamente impossível realizar qualquer evento lá. Segundo João Cândido, o novo gancho para as comemorações enfrentou o mesmo problema do antigo: as condições de segurança da entidade durante a Assembléia Geral.
– Nós queríamos fazer as comemorações durante a Assembléia Geral, não só pelo fato de o aniversário ser nesse momento, mas pelo fato de que a pessoa que abre a reunião é o Presidente Lula. Nós queríamos que isso fosse um ato para a paz protagonizado pelo Brasil e tendo como fundo a carga simbólica poderosíssima que esses painéis têm. Porém eu fui à ONU, e constatei que isso era praticamente impossível, explicou João Cândido.
Devido à dificuldade de realizar as comemorações dentro da sede da organização, João Cândido procurou uma alternativa. Ele produziu um livro, com tiragens em inglês e português, no qual foi baseada toda a celebração.
– O Presidente da República ofereceu esse livro ao Secretário Geral da ONU, em uma cerimônia breve, com a cobertura de toda a mídia internacional. A missão do Brasil junto à ONU também ofereceu um exemplar do livro a cada uma das 192 delegações dos países membros.
Na época em que Portinari recebeu a incumbência de fazer os murais Guerra e Paz, ele estava proibido de pintar devido à descoberta de um processo de envenenamento causado pelo chumbo das tintas. Mesmo sabendo os riscos que corria, o artista decidiu pintar os quadros. "Estes foram seus últimos trabalhos, ele morreu pouco tempo depois. É uma história muito forte e muito gratificante você dar a vida por um ideal", comentou João Cândido.
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Em 1952 a direção da ONU sugeriu que cada país doasse uma obra de arte para sua nova sede em Nova York. O governo brasileiro escolheu Portinari para pintar os quadros que representariam o país na entidade. O pintor optou pelos temas Guerra e Paz e iniciou o trabalho com cerca de 180 estudos sobre o assunto. Os painéis, que têm quatorze metros de altura por dez de largura, ficaram prontos em 1956.
Edição 191