Pilotis contam história da Universidade
15/10/2007 12:35
Lívia Aragão / Arte: Diogo Maduell

Marca registrada da PUC-Rio, os pilotis guardam, também, nas colunas centrais da Ala Kennedy, uma memória da qual poucos se dão conta. São as placas nas quais estão gravados os nomes de quinze pessoas fundamentais para a história do campus. O JORNAL DA PUC conta, em reportagem, a razão de ser da homenagem, e, com a ajuda do padre Pedro Magalhães Guimarães Ferreira, revela a origem do Edifício da Amizade e identifica os quinze beneméritos para o leitor.

Você já reparou que nas colunas centrais dos pilotis da Ala Kennedy há placas? Sabe quem são as pessoas que estão nelas? Se não sabe, não se preocupe, esta é uma pergunta recorrente feita por alunos e funcionários. São nomes de quinze doadores importantes nas obras de construção do Edifício da Amizade. Se não fossem essas pessoas, talvez não freqüentássemos esses pilotis nem estudássemos nesse prédio.

As Alas Frings e Kennedy foram construídas na década de 60 e receberam esses nomes em homenagem ao Cardeal Joseph Richard Frings, arcebispo da Alemanha, que era responsável por uma das agencias de ajuda a países subdesenvolvidos, e ao presidente americano John F. Kennedy, que criou, em 1961, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, assistência técnica a outros países, com ênfase em atividades de desenvolvimento econômico e social de longo alcance, especialmente nas áreas de educação e saúde.

De acordo com o padre Pedro Magalhães Guimarães Ferreira, Presidente da Fundação Padre Leonel Franca, os doadores, em sua maioria, eram católicos.

– Essas pessoas não só contribuíram em espécie, mas colocaram a PUC em contato com grandes autoridades. Tinham grandes conhecimentos e, por meio de campanhas financeiras, permitiram que outros fizessem doações. Muitas dessas pessoas tinham relação muito próxima com a Igreja Católica.

Entre elas, estava a Condessa Pereira Carneiro, então dona do Jornal do Brasil. Cândido de Paula Machado, filho de Lineu de Paula Machado, presidente do Jockey Club do Rio de Janeiro, era dono da Livraria Agir e muito religioso. Pertencente à ilustre família Guinle, Cândido concedeu um grande auxílio à Universidade.

Grandes empresários também estão entre os benfeitores da PUC. Israel Klabin administrava a Klabin Irmãos & Companhia, uma indústria de celulose, e possuía grandes fazendas no Paraná. Klabin é judeu e tinha uma relação proxima com a Universidade. O jornalista e empresário Roberto Marinho foi um dos benfeitores mais importantes, pois doou mais de 30 mil metros quadrados de terreno para o campus, hoje correspondentes a 25% da área total. A. J. Peixoto de Castro era dono da refinaria Peixoto de Castro, em Manguinhos.

Pessoas que atuavam na área financeira, como Manoel Ferreira Guimarães, dono do Banco Irmãos Guimarães, o primeiro banco a se instalar na PUC, e Jose Luis Magalhães Lins, banqueiro e fundador do Banco Nacional, também contribuíram para a construção do Edifício da Amizade, assim como o ex-Ministro Chefe da Casa Civil de João Goulart, Hugo Faria, e o senador da República, filho do ex-presidente Arthur Bernardes, Arthur Bernardes Filho, pessoas influentes na política. Nelson Parente Ribeiro, grande empresário e empreendedor, era muito ligado à Igreja Católica e foi sócio de Manoel Ferreira Guimarães no Banco Irmãos Guimarães.

Regine Feigl, uma das poucas mulheres que participaram das doações, era uma empresária de expressão em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ela e o marido, o químico Fritz Feigl, ajudaram na construção do Departamento de Química da Universidade. Fritz Feigl foi orientador da tese de doutorado do fundador e primeiro diretor do departamento, padre Leopoldo Hainberger.

A PUC também presta homenagem a outros quatro ilustres doadores, Oswaldo Tavares Soares, Alberto Soares Sampaio, Marcelino Martins Pinto e Severino Pereira da Silva, que continuam presentes nas placas dos pilotis da Ala Kennedy.

 

Jornal 192