Luiz Sérgio Person dirigiu, entre outras produções, São Paulo, Sociedade Anônima, considerado um dos dez melhores filmes da história brasileira pela Folha de S. Paulo. Influenciadas pelo neo-realismo italiano e pela Nouvelle Vague, a linguagem e a estética de Person não se alinhavam à onda do Cinema Novo Brasileiro. Era um cineasta independente. Passou também por experiências em teatro, televisão e publicidade. Aos 39 anos, morreu em um acidente de carro, deixando a esposa Regina e as filhas Domingas e Marina, na época com 4 e 6 anos de idade.
– Cresci ouvindo muitas histórias incríveis sobre meu pai de pessoas que tiveram uma relação muito próxima com ele. Mas eu, que sou filha, não tive a oportunidade dessa convivência. Durante muito tempo, não me conformei. Esse filme é minha busca para descobrir quem ele era e para entender quem eu sou, contou Marina, que levou oito anos para produzir Person.
O longa-metragem reúne depoimentos da família e de amigos, como Raul Cortez, Lima Duarte e Millôr Fernandes, além de fotos e filmes de acervo pessoal e trechos de uma entrevista que Luiz Sérgio Person deu à TV Cultura pouco antes de falecer.
– Tive que lidar muito com a memória, e ela não é muito confiável. Dizem que o passado não muda. Não existe bobagem maior do que essa, brincou Marina Person. – Por causa do filme, posso dizer que hoje conheço melhor meu pai. Mas tenho consciência que esse é apenas um dos desenhos, uma das muitas possibilidades.
A cineasta, que também apresenta os programas MTV+ e Neura, na MTV, pretende agora dirigir um longa de ficção sobre a juventude paulistana dos anos 80. A obra de Luiz Sérgio Person está sendo relançada em DVD e estará em breve nas locadoras.
Jornal 192