Professor de Matemática em cursos pré-vestibulares, Rodrigo Piaciaba se apaixonou pela disciplina ainda criança, quando, ao tirar uma nota baixa na escola, viu o quanto sua mãe se decepcionou com ele e prometeu que, se não fosse o melhor, seria um dos melhores na matéria. A partir daí, não parou mais de estudar a Matemática e passou a dominar a matéria a tal ponto que ajudava os amigos que tinham dificuldades.
Nas aulas, o professor entende as dificuldades de alguns alunos e cria regras e histórias que possam facilitar o entendimento. Rodrigo explica que é necessário o aluno praticar bastante e não desistir, pois, segundo ele, a Matemática é uma matéria que, quando entendida, dá prazer e o aluno começa a gostar somente quando ele vê que está acertando:
– Eu já tive uma aluna com muita dificuldade. Um dia, ela me chamou em um canto e disse que não conseguia entender nada. Eu disse: "Você vai conseguir". Ela queria medicina e, depois de um ano, me procurou dizendo que tinha mudado de curso, que ia fazer Matemática. Ela fez e passou, se formou na UERJ e foi a melhor aluna do ano dela. Antes, ela não conseguia nem fazer conta com fração, lembra Rodrigo.
Eric Cardona Romani cursa o 10º período de Matemática na PUC e, mesmo gostando muito da matéria, confessa que já teve dificuldades em algumas áreas, enquanto em outras, tem mais facilidade. O aluno, que já deu aulas de Matemática e Física para alunos do Ensino Fundamental e Médio, reconhece que a matéria não é fácil e que requer muito empenho:
– O estudo deve ser definido em três palavras: paciência, tempo e exercício. Aconselho que o aluno tenha paciência ao estudar Matemática e que faça bastante exercício, pois é somente exercitando que aprendemos. É importante também que ele se organize, criando planos de estudos semanais de reforço à disciplina, recomenda Eric.
Aluno do 6º período de Engenharia Ambiental da PUC, Felipe Cunha de Oliveira deveria se formar em um ano e meio, porém, devido à dificuldade com a Matemática, levará, pelo menos, três anos para pegar seu diploma. Tanto já foi reprovado como trancou matérias como o Cálculo 1, que é importante para que o aluno avance no curso. Ele diz que se prejudica muito por isso, porque dificilmente conseguirá algum estágio enquanto não concluir o ciclo básico do curso.
Felipe acha que, dentro da Engenharia, a Matemática é a matéria mais difícil e reconhece que a falta de interesse que teve em conhecer a base, no passado, dificulta que consiga se aprofundar mais na matéria. Ele diz que não é o único em seu curso a ter dificuldades:
– Boa parte dos alunos já está terminando o curso. Porém, algumas pessoas estão tentando fugir para outro curso, alguns foram para a Comunicação, por exemplo, e outros continuam tentando, como eu, tudo por causa da Matemática, conta Felipe.
Todos os entrevistados afirmam que a dificuldade do aluno vem das lacunas que ficaram do ensino médio. Mas, segundo a psicopedagoga do Serviço de Orientação Universitária, SOU, do CB-CTC, Verônica Cumplido de Sant’Anna, que atende aos alunos do CTC com dificuldades acadêmicas, existem outros fatores que colaboram para essa dificuldade:
– O meio familiar; a defasagem cognitiva, a aprendizagem mecanicista – especificamente advinda do Ensino Médio -, os vínculos estabelecidos com os docentes, a estrutura de pensamento, estão entre outras causas. Devemos, entretanto, estimular o estudante a desenvolver suas potencialidades, por muitas vezes adormecidas, para que alcance, verdadeiramente, sua plena realização, explica Verônica.
O Núcleo de Orientação e Aconselhamento Psicope-dagógico (Noap) também busca auxiliar os alunos com dificuldades acadêmicas e, segundo as psicopedagogas Cirley Judite Barreto e Assibe Simantol, alguns alunos apresentam mais facilidade para uma matéria do que para outra:
– Existem alunos que têm mais facilidade em entender um tipo de conhecimento teórico e outros que têm um raciocínio mais lógico, matemático, e que até gostam mais da Matemática do que de outras matérias. Não é questão de aptidão, mas do próprio tipo de raciocínio do aluno, conta Cirley.
Para quem tem dificuldades acadêmicas em qualquer matéria, o NOAP atende às segundas-feiras no horário da manhã e fica no térreo do Edifício Padre Leonel Franca. Para alunos do CTC que desejam atendimento psicopedagógico, o SOU atende às segundas e quartas-feiras e as entrevistas podem ser marcados na Secretaria do Ciclo Básico, do CTC.
Edição 194