Rio de Janeiro, cidade 24 horas
15/04/2008 16:00
Carol Vaisman e Diogo Dias

Enquanto a maior parte da cidade dorme, supermercados e academias estão abertas para atender o público noturno. O JORNAL DA PUC foi às ruas durante a madrugada para acompanhar algumas pessoas que trocam o dia pela a noite.

Todas as seis quadras gramadas de futebol, no Aterro do Flamengo, estão ocupadas, quando Rogério Guimarães e seus colegas de trabalho chegam para bater uma bola. Seria uma cena comum, não fosse o horário: 1h da manhã. Pode parecer estranho ter quem prefira trocar uma noite de sono por umas partidas de futebol. No entanto, assim como eles, muitas pessoas usam o período da madrugada para realizar atividades do dia-a-dia.

Guimarães e os amigos trabalham juntos, no setor de telemarketing de uma empresa de telefonia, das 17h40m às 24h. Mas é só depois do expediente que a camisa social dá lugar à camiseta e o sapato é trocado por chuteiras. O vestiário improvisado é o Chevette branco ano 1987 de Guimarães. As partidas, que acontecem, religiosamente, toda quarta-feira, muitas vezes ficam tão cheias que tem time até na “de fora” ou na reserva. Para o grupo, não há mau tempo nem contratempo que os impeça de jogar.

– Hoje choveu o dia inteiro e o gramado está todo molhado. Mesmo assim, vamos jogar o nosso futebol até às 3h. Essa é a nossa hora de distração, quando podemos liberar o estresse e relaxar, afirma Guimarães, que dá carona de volta para parte do time, e só chega em casa, em Realengo, às 5h.

Há quem escolha a tranqüilidade da madrugada para malhar em academias abertas 24 horas. É o caso do comerciante Reinaldo Girard, que, apesar de ter a tarde livre, prefere fazer musculação nas últimas horas do dia. “Depois de malhar, eu gosto de ir para casa, descansar e dormir. A madrugada é mais agradável”, explica Girard. Cliente da mesma academia, no Flamengo, a auxiliar administrativa Tatiana Lima tem somente as altas horas para praticar exercícios. E não abre mão deles. “O único horário disponível que tenho é a madrugada. Eu saio do trabalho e vou direto para a academia, e só depois é que vou para casa descansar”, garante Tatiana.

A opção de poder “malhar” durante a madrugada faz tanto sucesso entre o público, que a direção da academia freqüentada por Girard e Tatiana, adotou, em 2006, o “Plano Corujão”. O pacote, que dá ao cliente o direito de freqüentar a academia das 21h às 4h, começou como uma proposta para o verão de 2005/ 2006. Os clientes notívagos aprovaram a fórmula, que continua até hoje.

– O “plano” foi bem aceito e resolvemos manter essa forma. As pessoas ficam aliviadas ao saber que a academia é 24 horas. Agora, as pessoas se preocupam com a saúde, mas não têm tempo para fazer tudo durante o dia. Além disso, as pessoas não se preocupam com a segurança, analisa Fernanda Alves, gerente de marketing do estabelecimento.

A segurança na cidade também não é problema para o professor do Departamento de Comunicação da PUC Weiler Finamore. É exatamente no fim da noite que o professor sai de bicicleta para fazer compras no supermercado.

– O Rio é muito bonito e é exatamente quando a cidade está adormecida que ela fica mais interessante. Não acho que a noite tenha um ambiente hostil. Nesse horário os ladrões devem estar dormindo. Não pegar fila no supermercado torna a obrigação de fazer compras muito mais agradável e tranqüilizante, conta Weiler.

 

Edição 197

 

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