Apesar de o hebraico ser a língua oficial de Israel, e a mais conhecida, ela não é a única dentro do universo judaico. A cultura Yiddish - mistura de alemão, hebraico e das línguas eslavas - também é uma forte expressão das trajetórias dos judeus ao longo dos séculos. A música, literatura e o teatro Yiddish retratam as situações que o povo judaico enfrentou pela vida, além do Holocausto. E para desvendar a riqueza da língua e das produções culturais geradas por ela, a professora Sonia Kramer, do Departamento de Educação, vai ministrar, a partir de agosto, a disciplina Histórias contadas e cantadas em Yiddish: Língua, música e pesquisa.
O Yiddish é uma língua sem território, o que auxilia para dispersão dos costumes, que acabam perdidos em uma civilização global. Para resgatá-la, movimentos de renascimento cultural já se manifestam pelo mundo, como o curso promovido pela professora Sonia Kramer. Segundo ela, essa manifestação concentra jovens judeus e não-judeus que se dedicam ao Yiddish, principalmente literatura, música e teatro.
- Os jovens estão entendendo que há uma questão de interdiálogo, diálogo interreligioso, intercultural, uma dimensão plurilinguística. É essa dimensão de conhecer, se permitir emocionar. O papel do jovem é se conectar com esses movimentos e aprender, reconhecer a língua e transmitir para as gerações mais jovens.
Para apresentar a cultura, o encontro musical com a presença do Coral da Associação Scholem Aleichem (ASA) e o grupo Viver com Yiddish - também coordenado por Sonia - interpretaram na Universidade músicas folclóricas, teatrais e de reação judaica. O Coral da ASA abriu a apresentação com um bloco de canções de resistência, iniciado com o hino dos judeus contra o nazismo, que, admitiu a regente do grupo, Claudia Alvarenga, é algo difícil de ouvir e de cantar por conta da temática.
Em seguida, o repertório abordou canções de cunho social, como as greves na Rússia Imperial contra o czar, que, para a regente, dialoga com a situação atual no país. Para finalizar, histórias foram contadas por meio dos sons de violino, flauta transversa, piano, bandolim e percussão, conduzidos pela regente Aline Silveira.
A aluna de Pedagogia Alice Reiman é participante do grupo Viver com Yiddish e criou uma grande afinidade com essa língua e cultura a partir da eletiva da professora Sonia, no semestre passado. Apesar de não ser judia, Alice se envolveu com a música e a própria língua, pois, segundo ela, mesmo que não se entenda as palavras, os versos a tocam. Para a estudante, são músicas dançantes e envolventes.
- É uma cultura muito rica que foi deixada um pouco de lado no passado e agora está tendo um movimento pelo mundo inteiro que a cultura e a língua permaneça, passada pelas gerações entre judeus e não-judeus. Eu não sou judia, mas aprendo com a cultura e me sinto muito feliz de estar nessa troca.