O prêmio que o carioca Artur Ávila, do IMPA, venceu nesta terça, é um estímulo para que o país redesenhe o ensino da matemática na escola básica.
O fato de ser a primeira Medalha Fields outorgada a um brasileiro confirma o abismo que existe na aprendizagem dessa área do conhecimento. Enquanto poucos se destacam, a maioria dos estudantes patina nessa disciplina que, em muitas escolas, ainda é ensinada de forma abstrata e descontextualizada, difícil de aprender.
Prova disso são os mais recentes indicadores que avaliam as competências dos estudantes brasileiros nessa área. No Pisa 2012 o Brasil ficou em 58o lugar entre 65 países participantes. Na Prova Brasil 2011, segundo levantamento do Todos pela Educação, apenas 10,3% dos jovens brasileiros aprendem o que deveriam, em matemática, no ensino médio.
Uma das consequências se percebe nos cursos de nível superior que exigem domínio da matemática, como por exemplo as engenharias. Enquanto o Brasil forma menos de 40 mil engenheiros/ano, a Coreia do Sul forma o dobro e a China, dez vezes mais.
Além de uma formação específica do professor, falta trabalhar desde a educação básica com desafios contextualizados, estímulo ao raciocínio lógico, geometria aplicada ao dia a dia, problemas voltados para a realidade, para a matemática que está no cotidiano.
O prêmio conquistado por Artur Ávila é um estímulo e mostra que, com as condições adequadas, a matemática pode ser, mais do que um conteúdo necessário, um desafio fascinante.