Os mitos no câncer de mama foram discutidos em um bate-papo no dia 21 de outubro na Casa da Medicina da PUC-Rio. A homenagem ao Outubro Rosa foi organizada pelo Departamento de Medicina, com o apoio da Associação de Amigos da Mama (ADAMA) e da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação. O decano do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), professor Hilton Augusto Koch, a oncologista Sabrina Chagas e a mastologista Thereza Cypreste abordaram temas diversos como diagnóstico, tratamento e desinformações que envolvem o câncer de mama para funcionários da Universidade e pessoas diagnosticas com a doença.
O radiologista Hilton Koch iniciou a programação do dia com uma palestra sobre os maiores mitos do câncer de mama. Ele ressaltou que é importante lembrar que essa doença não é sinônimo de morte e lembrou que a realização de exames preventivos pode evitar sofrimento. O decano do CCBS também enfatizou que a qualidade dos exames é essencial e que o apoio do médico é necessário para a eficácia do tratamento, que pode ser realizado no Ambulatório São Lucas, que funciona na Casa da Medicina, e oferece consultas e exames a preço popular.
- Não adianta só acusar o câncer, mas não resolver o problema, falar que o paciente vai precisar fazer a mamografia e não indicar onde. O médico tem que indicar um bom lugar. Depois, tem que indicar o tratamento apropriado. Essa condição é um projeto, precisa de uma continuidade. Quando isso é feito no Ambulatório São Lucas, como somos professores de várias áreas, a paciente tem um acompanhamento multidisciplinar.
Outro mito discutido pelos profissionais foi a associação da condição apenas às mulheres. O câncer de mama também ocorre em homens, mas representa 1% dos casos de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Joaquim Paz, de 63 anos, é um destes casos. A namorada dele, que é enfermeira, foi a primeira a suspeitar da doença quando ele sentiu um caroço na mama. Hoje, ele ministra palestras e realiza trabalho voluntário no Hospital da Lagoa com pacientes de quimioterapia para aumentar a conscientização sobre o assunto e compartilhar a história de superação dele. Nove anos depois do tratamento, Paz se orgulha ao dizer que leva uma vida melhor depois do tratamento.
- Eu melhorei muito a minha vida depois do câncer de mama porque mudei as minhas prioridades e objetivos. Acho que a doença te melhora como pessoa porque se pensa muito mais sobre o que é realmente importante. O equilíbrio emocional e a paciência são maiores. Eu faço mais caminhadas, jogo vôlei na praia, faço dança de salão, viajo, coisas nas quais me encontrei, estou curtindo a vida.
Se manter consciente sobre o assunto é o que leva Silvana Alves Souza, de 29 anos a participar todo ano do encontro. Funcionária terceirizada na Universidade, ela comentou que teve dúvidas esclarecidas no bate-papo com os médicos, como o uso do desodorante antitranspirante. Apesar de o produto ter sais de alumínio na composição, não há estudos que comprovem ligação entre esses parabenos e a incidência de câncer.
- Na minha família não tem histórico, mas eu participo do encontro todo ano. Quero ter conhecimento para poder ajudar outras pessoas. Eu acho a campanha do Outubro Rosa muito legal, mas acho que o tema não deveria ser discutido só em outubro porque isso acontece todo dia, toda hora.
Reuniões como essa são consideradas de extrema importância pela oncologista Sabrina Chagas. Ela comentou que é comum a pessoa se sentir confusa em consultas com o médico, porque elas podem ser rápidas e com um grande volume de informações técnicas. A oncologista ressaltou que a falta de informação é um dos maiores bloqueios dos pacientes, que têm medo de procurar o médico.
- É muito comum que a gente conheça os casos de quem morreu, de quem fez quimioterapia e caiu o cabelo, mas, perto da gente, passam pessoas que tiveram a doença, mas não comentam. Elas não falam que são vitoriosas. Eu acho que a gente ainda precisa falar que tem cura e que o tratamento pode ser tranquilo.
Vera Lucia da Silva, de 58 anos, é diarista, voluntária da ADAMA, e vitoriosa no tratamento. Ela passou por quimioterapia e cirurgia para retirar um câncer há três anos e, desde então, dá testemunhos em palestras e rodas de apoio. Vera contou que não se desesperou com o diagnóstico e que levou uma vida normal durante o tratamento.
- Eu fiquei bem tranquila, eu corri na praia, dancei, arrumei um namorado, trabalhei. Eu não me vejo como doente, me via como em tratamento, porque quando é uma doença você fica na cama. A cabeça é o comando do corpo, se você deixar, ela vai. Eu me aceitei muito bem e acho que a minha cura não foi o médico, foi eu querer viver.