Alunos, professores e funcionários se reuniram nos pilotis da Ala Kennedy em um ato para homenagear a vereadora Marielle Franco, assassinada na quarta-feira, 14. Os sentimentos de indignação, revolta e tristeza marcaram as falas de professores e representantes de coletivos. O principal pedido de todos é que seja feita uma investigação efetiva, que revele os responsáveis e as motivações do crime. Os discursos também reafirmaram a importância de não deixar o caso cair no esquecimento.
O Vice-Reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio, demonstrou profunda indignação com a morte de Marielle. Ele relembrou a trajetória da vereadora na Universidade como aluna do curso de Ciências Sociais e disse sentir orgulho de tê-la conhecido. Augusto afirmou esperar um movimento de luta contra essa mentalidade que, segundo ele, é adversa aos Direitos Humanos. O Vice-Reitor Comunitário enfatizou também a necessidade da apuração do que chamou de “execução”.
— A quem interessa executar? Calaram a voz de uma mulher pobre, negra, moradora de uma comunidade, que estudou em um pré-vestibular comunitário. Uma liderança e uma voz que estava falando muito alto, sim. Incomodando um grande número de pessoas. Então, a quem interessa? Quem pode ter tramado isso?
O diretor do Departamento de Ciências Sociais, professor Ricardo Ismael, afirmou que era um dia muito triste para todos na Universidade e lembrou a aluna que Marielle foi. A vereadora se formou em Ciências Sociais com bolsa e, de acordo com professor, era uma estudante participativa e com ambição intelectual, que já tocava na questão das favelas. Segundo Ismael, o Departamento e a Universidade estarão empenhados em garantir que o crime será esclarecido.
— Certamente o momento é difícil, estamos apenas fazendo um ato improvisado, mas necessário. Existem dois aspectos fundamentais aqui, convocar todo mundo a ir lá na Alerj para que a cidade do Rio de Janeiro abrace a Marielle. Mostrar o nosso repúdio e, principalmente, que as investigações ocorram imediatamente de maneira rigorosa para que os executores sejam identificados e aguardem julgamento. E também para cobrar que as motivações e as circunstâncias desse assassinato sejam esclarecidas.
O professor Marcelo Burgos, do Departamento de Ciências Sociais, afirmou que a morte de Marielle foi um forte golpe contra o Rio de Janeiro. Para ele, assassinar uma vereadora que foi a quinta mais votada é um baque profundo na política brasileira. Burgos declarou que esse crime foi um ataque frontal à soberania popular e ao legislativo, e que a escala do problema é nacional e, segundo ele, não coloca nenhuma interrogação sobre o futuro do país.
– Acho que a morte da Marielle deve ter uma envergadura que, de fato, possa encontrar uma ressonância no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Poder Executivo Federal. E que encontre, sobretudo, entre nós da sociedade, uma reação vigorosa em defesa da democracia.
Os representantes de coletivos da Universidade relembraram a participação de Marielle em discussões no campus. Ela esteve presente na Semana da Mulher, em 2017, e diversos outros encontros. De acordo com os estudantes, a vereadora mantinha diálogo direto com as unidades de representação e se mostrava uma voz de representação fora da Universidade. Para Pedro Martins, aluno de Ciências Sociais, a troca com a socióloga era fundamental.
— A relação com ela era uma via de mão dupla. Nós nos sentíamos representados e ela ficava muito feliz com os acontecimentos daqui.