A necessidade crescente de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para uso de profissionais de saúde durante a pandemia da covid-19 levou o Instituto Tecnológico (ITUC) e o Instituto Tecgraf de Desenvolvimento de Software Técnico-Científico da PUC-Rio (Tecgraf/PUC-Rio) a se engajarem também na luta contra o coronavírus. Os dois setores estabeleceram uma linha de produção de EPIs e de outros materiais insuficientes nos almoxarifados de hospitais, que são doados a quatro instituições: Complexo Hospitalar de Niterói, Instituto Nacional de Câncer, Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e Casa de Saúde São José, no Humaitá.
O projeto é liderado pelos professores do ITUC Felipe Gouvea e Sergio Braga, e pelo professor Marcelo Gattass, do Tecgraf/PUC-Rio. Os institutos são capazes de produzir respiradores, ventiladores, exaustores, compressores, umidificadores, desumidificadores, equipamentos para sanitização de ambientes por ozônio, UV, entre outros, além de ter tecnologia para o desenvolvimento de softwares embarcados necessários aos equipamentos. Com um parque de oito impressoras 3D, a equipe já doou mais de 350 máscaras aos hospitais. Segundo o professor Gouvea, desde o momento em que esses dois grupos da Universidade souberam da necessidade e escassez de equipamentos e produtos de proteção, eles decidiram utilizar os próprios recursos para auxiliar algumas unidades hospitalares.
- Por estarmos ligados a vários canais de desenvolvimento e inovação, recebemos várias demandas de grupos de pesquisa, empresas com desejo de ajudar e, por vocação, nos organizamos e focamos nesta produção. Com o apoio dos institutos, da Vice-Reitoria, do Decanato, nos organizamos para este nobre atendimento.
De acordo com Gouvea, o tempo de manufatura para cada equipamento depende da complexidade do produto alvo da pesquisa e do desenvolvimento. Ele conta que, com a ajuda de técnicas de injeção e domínio do processo produtivo, as máscaras protetoras faciais, tipo Face Shield, podem ser fabricadas rapidamente, em menos de 24 horas, na escala de 1.000 peças por dia. As que foram desenvolvidas na PUC-Rio têm um visor de acrílico transparente, com uma espessura de 0,5mm ou 0,75mm, que permite maior flexibilidade. Está prevista a fabricação de três mil unidades por semana.
Gouvea observa que a produção em escala não é comum para processos de fabricação digital, e usualmente a impressão 3D é empregada para executar peças ou protótipos em pequena escala. O professor explica que o primeiro estágio é a criação de desenhos técnicos, que permitem a adequação de especificidades e padronização para a produção do protótipo e do futuro produto. Estes protótipos, segundo ele, permitem identificar a melhor forma do design do produto. Ele afirma que quando a produção é em larga escala, um molde com a peça impressa pode ser feito e, para acelerar a fabricação dos objetos, utiliza-se a moldagem por injeção
- Já produzimos mais de 1.500 máscaras tipo Face Shields, várias válvulas para respiradores e sobressalentes de equipamentos, caixas e equipamentos de vídeos para auxiliar a intubação, entre demais entregas e protótipos.
O processo de produção é específico para cada produto, indica Gouvea, mas todos dispõem de diversos equipamentos de alta tecnologia para auxiliar a respectiva produção. Cada projeto, segundo o professor, tem uma necessidade específica e um conjunto particular de materiais.
- Temos scanners 3D, softwares, tanto para modelagem tridimensional quanto para simulação computacional com base em elementos finitos (CAD, CAE, FEA, CFD, entre outros), máquinas de manufatura aditiva tanto para prototipagem rápida quanto para a produção de peças que acabadas e pós-processamento, além de equipamentos que nos permitem alinhar nossa produção a quesitos na Indústria 4.0, como um braço robótico, Centros de Usinagem CNC, Corte a Laser CNC.