Professores de diversos departamentos da Universidade se reuniram, nesta terça-feira, 12, para debater sobre novas alternativas metodológicas e pensar em uma sala de aula com mais diálogo no II Seminário de Práticas Inovadoras no Ensino Superior. O Vice-Reitor para Assuntos Acadêmicos, professor José Ricardo Bergman, fez a abertura do encontro, e, logo em seguida, houve a apresentação do professor Edgar de Brito, do Departamento de Filosofia, cujo tema da palestra foi ‘’Pesquisa, ensino, inovação e sala de aula’’.
Segunda edição do seminário, o encontro foi destinado a todos os professores da PUC-Rio e, de acordo com a Coordenadora Central de Educação a Distância, Gilda Helena Bernardino de Campos, o objetivo dos debates era suscitar uma reflexão sobre os problemas da formação docente, sobre como o aluno enxerga o professor e como o professor percebe o aluno.
- A riqueza do encontro foi a diferença das visões dos Centros da Universidade e como isso se reflete num mesmo tópico: a entrada nessa nova cultura digital, com exigências digitais. Discutir a questão das mudanças de como o aluno jovem está entrando na PUC. Mas transformar sem perder qualidade.
Durante a primeira apresentação, o professor Edgar Britto chamou atenção para o perfil do aluno, ligado às novas tecnologias, para a velocidade e as novas demandas discente, e encerrou propondo um esforço maior dos professores em relação ao uso dessas tecnologias.
Logo após a exposição de Britto, houve uma mesa redonda em que a coordenadora do Núcleo de Orientação e Atendimento Psicopedagógico (NOAP), Zena Eisenberg, e professora do Departamento de Educação, relatou o trabalho desenvolvido pela Rede de Apoio ao Estudante (RAE) junto a alunos e professores. De acordo com a professora, o problema dentro de sala não é um contraste geracional, ou o contraste tecnológico entre professor e aluno, a questão, ressaltou, é relacional.
- O PowerPoint acaba entrando como uma parede entre professor e aluno. Aluno gosta do giz, do professor escrevendo na lousa, explicando e mostrando a construção do raciocínio. O que os dados do NOAP mostraram foi a importância da relação em sala. O professor se importar com o aluno, acolher o aluno e conhecê-lo.
A RAE trabalha para dar suporte aos professores que têm interesse em desenvolver didática, docência e a relação professor e aluno. Mas, segundo Zena, a demanda ainda é baixa. A RAE recruta por e-mail os professores matriculados na PUC-Rio desde 2015, e os recém contratados – são cerca de 170 docentes por semestre. Desse montante, por volta de 25 se inscrevem, e apenas dez fazem a oficina.
- Nas oficinas, o que aparece bastante é a questão da diversidade de aprendizado entre os alunos. Na primeira edição, eu lembro de um professor que perguntou se ele tinha que baixar o nível da aula para poder dar conta de todo mundo. A gente recomenda que não. Não é questão de baixar o nível, é você levar em conta que esse modelo de um professor e um monte de aluno está falido.
Zena lembrou o conceito de “educação bancária”, criado pelo educador Paulo Freire para definir uma pedagogia mais tradicional em que a relação de professor e aluno é vertical, massificadora e que mantém o docente longe do aluno. Segundo a professora, neste padrão não importa quem são os estudantes, as expertises específicas e as diferenças entre eles. Zena citou o exemplo de disciplinas que, às vezes, reúnem 70 alunos em sala. Para ela, nessas condições, os professores não conseguem nem gravar o nome dos alunos.
- Desde os anos 50 e 60 começou a se questionar outros modelos para a sala de aula. Só que a escola continua dentro daquele paradigma. A lógica da sala de aula, a forma como as carteiras são dispostas em sala, continua tudo igual ao que havia no século XVIII e XIV. Mas isso varia muito de professor. Minha metodologia é bem misturada, e, quando você passa a trabalhar com grupos, você quebra essa coisa de ‘eu não tenho que dar conta de todo mundo’. Eles dão conta um dos outros, e eu estou ali para orquestrar a sala de aula.
A professora Gilda reforçou que muitos professores se habituaram a um modelo mais tradicional e, por conta da velocidade dos avanços tecnológicos, algumas vezes têm dificuldade de acompanhar as demandas dos alunos. Por outro lado, comentou, esforços estão sendo empreendidos para mudar este cenário e ela destacou o trabalho da Coordenação Central de Educação a Distância (CCEAD) junto aos professores.
- Nós olhamos para aquilo que o professor deseja, que tipo de interação ele quer ter com a turma. Como os alunos vão se falar entre eles, mediados por diferentes tecnologias. Existem formas diferentes e diversas modalidades. O CCEAD é isso, um órgão que trabalha com mídias digitais aplicadas em educação.